RIBEIRÃO PRETO (SP) - Benedito Antonio Valencise, que comandou as investigações da "máfia do lixo" (envolvendo o deputado Antônio Palocci Filho) em Ribeirão Preto, entre 2004 e 2006, não é mais o seccional da região. Ele foi surpreendido na tarde de terça-feira, por telefone, ao saber que fora exonerado da função na cidade.
Um novo substituto, Rafael Rabinovici, que estava no Departamento de Trânsito (Detran), em São Paulo, foi nomeado para o cargo. A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Segurança Pública (SSP) justificou que a saída de Valencise foi uma "mudança administrativa". Valencise não falou com jornalistas ontem. Ele deverá tirar uma licença-prêmio e férias antes de saber o seu novo destino profissional.
A exoneração de Valencise, após quatro anos na cidade, soou estranha, pois ocorreu na semana seguinte aos novos episódios envolvendo o deputado federal e ex-prefeito e ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci Filho. Foi Valencise quem indiciou Palocci, no final de 2006, como "chefe" da quadrilha do lixo, que teria supostamente desviado mais de R$ 30 milhões dos cofres públicos em contrato de varrição e coleta do lixo com a empresa Leão Leão. Outros assessores do ex-ministro também foram indiciados.
Por Palocci ter foro privilegiado como deputado, o caso foi ao Supremo Tribunal Federal (STF). E, na semana passada, reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo" revelou que, em junho de 2007, o advogado Rogério Tadeu Buratti registrou em cartório, em São Paulo, uma retratação, negando as acusações que tinha feito contra Palocci, inocentando-o de todas as irregularidades no inquérito.
Durante as investigações, Buratti havia citado, em troca da delação premiada, que Palocci teria recebido propina mensal de R$ 50 mil pelo contrato do lixo, que seria destinada depois ao Diretório Nacional do PT. Valencise citou o ato da retratação de Buratti como "falcatrua", pois o advogado teria indicado todo o caminho para descobrir o esquema fraudulento. Buratti era a testemunha central da promotoria na denúncia contra Palocci.
Fonte: Tribuna da Imprensa