Paulo Marcio Vaz
A TV digital via celular é a vedete do momento no mundo da tecnologia móvel. É isso o que diz uma pesquisa global feita em conjunto pela rede americana CNN e a empresa sueca Ericsson - líder mundial no fornecimento de tecnologia e serviços para operadoras de telecomunicações. Foram ouvidos usuários de todos os continentes, seguindo uma proporcionalidade definida pelos pesquisadores.
A maior parte dos usuários ouvidos é da América do Norte (59,3%). Em seguida, vem a Europa (14,48%), a Ásia/Pacífico (13,8%), as Américas do Sul, Central e Caribe (6,1%) e, por último, Oriente Médio e África (6%). Cerca de um terço dos usuários (34%) diz que a TV via celular é o aplicativo de maior interesse e praticamente metade (44%) deles disse que vai adotar a TV móvel num período de até dois anos.
Tendência
Os resultados foram publicados na semana passada durante o Mobile World Congress - feira internacional sobre tecnologia móvel, em Barcelona - onde foram mostrados diversos novos modelos de celulares que recebem sinais de TV aberta.
Uma tendência que, aos poucos, vai se apresentando no Brasil. Por aqui, ainda não há aparelhos de celular capazes de receber o sinal de TV, apesar de a tecnologia digital lançada recentemente já possibilitar a novidade em São paulo. No Rio, neste primeiro semestre, será possível assistir a TV digital móvel, desde que, é claro, haja aparelhos.
A primeira empresa a anunciar oficialmente que pretende lançar em breve seu celular capaz de receber as imagens da TV foi a Samsung. O anúncio, feito em dezembro, promete o lançamento para o primeiro trimestre deste ano. Apesar de ainda não confirmar a data, a empresa disse, na semana passada, que mantém os planos.
A forma como a TV digital foi implementada no Brasil deixou de fora as operadoras de telefonia móvel. Quem tiver um celular capaz de receber o sinal da TV aberta não vai precisar pagar pelo serviço. Ou seja: Claro, Tim, Vivo, Telefônica e suas concorrentes, por enquanto, não ganham nada com a TV móvel.
- A TV digital em si mesma não é problema. O governo brasileiro fez a escolha de um padrão terrestre de TV digital e nada impede que exista um nicho de consumidores que demande a combinação 3G mais TV digital. No entanto, se as operadoras não tiverem um modelo comercial para adotar a combinação, o nicho não se desenvolverá - aposta Ricardo Tavares, vice-presidente de políticas públicas da GSM Association, associação que reúne operadoras de celular no mundo todo.
Tavares ressalta que a TV digital via celular não deveria ser misturada ao padrão da TV aberta convencional, não só por motivos comerciais, mas por uma questão de diferenças entre as próprias características físicas como, por exemplo, o tamanho da tela dos aparelhos.
- Na verdade, o que estamos vendo no mundo é o desenvolvimento de uma indústria de conteúdo visual específica para o celular porque a tela é pequena. O conteúdo de TV requerido para o celular é diferente da TV aberta - observa.
Samsung
O gerente de produto da divisão Telecom da Samsung, André Varga, aposta na praticidade de se ver TV praticamente em qualquer lugar somada ao que André chama de "paixão do brasileiro pela TV":
- Ninguém é ingênuo a ponto de negar que é melhor assistir TV numa tela grande do que numa de celular, da mesma forma que é melhor assistir a um filme no cinema do que na TV. Mas, com o celular, o brasileiro pode fazer uma das coisas que mais gosta, em lugares e situações onde isso, antes, era impossível.
André antecipou alguns detalhes a respeito do aparelho brasileiro. Ele virá com tela Oled - tecnologia que alia imagens mais brilhantes a telas superfinas - garantindo um celular com baixo consumo de energia e imagem de alto padrão.
Uma prévia do celular pode ser o modelo V805, que é utilizado como demonstração da tecnologia em uma loja da Samsung em um shopping de São Paulo. Em relação ao preço, por enquanto, o primeiro celular brasileiro com TV deve atender apenas "ao topo da pirâmide de consumo". Quer dizer: será para poucos.
- É uma tendência mundial em relação aos novos lançamentos tecnológicos. Primeiro se atende à demanda de um nicho menor até expandi-la para um nicho maior. Mas acreditamos que, em um ano e meio, outos modelos serão lançados e o celular com TV se tornará tão popular como aconteceu com o de câmera fotográfica - prevê.
Fonte: JB Online