CONSTATAÇÃO E INTERROGAÇÃO OBRIGATÓRIA: A REEELEIÇÃO DE FHC FOI PAGA COM CARTÃO?
O estardalhaço com os gastos mirabolantes dos cartões corporativos provocou o primeiro resultado: os acordos cooperativos. Em poucas horas, Romero Jucá (experimentadíssimo, PMDB, ex-FHC) e Carlos Sampaio (PSDB, tentando fazer carreira como "profissional" de CPI, se destacou na primeira) liquidaram todas as brechas e obstáculos, produziram tranqüilidade geral.
Acertaram vários pontos.
1 - Haverá CPI, seria uma afronta à opinião pública se não houvesse, depois de tanto barulho.
2 - Duas concessões, de lado a lado. Não será apenas do Senado, ia parecer subserviência ao PMDB, que controla a "casa".
3 - Será mista, assim o governo ficará com o relator e o presidente.
4 - O PSDB não se incomoda nem se sente diminuído. Como o resultado já foi resolvido antecipadamente, para o PSDB não será "humilhação" ficar sem nada, na vala comum.
5 - Sérgio Guerra, que preside mas não lidera o PSDB (nesse item existe muita gente acima dele), tentou dar aval ao que o seu correligionário acertou com o líder do governo no Senado. E como é do seu hábito, estilo, convicção, falou no jeito empolado: "Se a crise é geral, todo mundo vai sobreviver". Apesar da mediocridade, ninguém definiu melhor o espírito do acordo "contra" as CPIs: "NÃO RESPONSABILIZAR NINGUÉM".
É isso que vai acontecer, o senador Jucá e o deputado Carlos Sampaio são homens de palavra. "Falou está falado, combinou está combinado, acertou está acertado".
6 - A extrema cordialidade Jucá-Sampaio não foi quebrada em nenhum momento. Existiam alguns pontos que pareciam polêmicos, deixaram de ser por causa da certeza dos dois lados de que tinham muito a perder.
7 - A possibilidade de FHC e Lula serem atingidos pessoalmente. Logo, logo, decidiram: não haverá investigação sobre Lula ou FHC nos gastos privados.
8 - Outra dúvida: a carta em que começaria a investigação. O PSDB queria que a devassa começasse com Lula, sabiam que seria impossível.
9 - O PT-PT e PMDB aceitaram começar pelos dois últimos anos de FHC, podendo retroceder a outros períodos.
10 - O PSDB e o PMDB coincidiam perigosamente e tripudiaram sobre a opinião pública. Aceitaram começar em 2001, podendo retroceder a 1998. Todos são culpados, sabem disso. A CPI seria uma guerra mortal. Depois de começada sem acordo, não poderia haver armistício.
11 - Assim, tendo feito esse "convescote", estão todos tranqüilos.
12 - Igualmente culpados, despudorados, constrangidos, envergonhados, concordaram em não apurar nada, se mantiveram apenas na farsa. Nisso são mestres.
Alguns pontos são tão visivelmente perigosos que não houve dificuldade para acordo. A base partidária não gosta muito de poesia, mas sabe que cartão rima com mensalão, não deseja nenhuma repetição.
A chamada oposição sabe de ciência certa que cartão rima com reeeleição. E como se sabe que o presidente tucano na ânsia de continuar no Poder pagaria qualquer dinheiro, nada mais fácil e satisfatório do que ficar mais 4 anos no Poder sem mexer no dinheiro da Fundação Ford. (Que FHC, por motivos óbvios e remanescentes, só chama de "Ford Foundation").
PS - Portanto, tudo resolvido, podemos voltar ao trabalho, enquanto governo e oposição se divertem. Quem lamenta mesmo é a TV Câmara e a TV Senado, que grande espetáculo o País estará perdendo.
Eurico Miranda
Na vida esportiva é presidente interino. Na vida pessoal, está em liberdade condicional. "Por que não te calas?".
Quando, há meses, o ex-banqueiro Cacciola foi preso ao entrar em Monte Carlo, imediatamente escrevi: "Ele não será extraditado para o Brasil de maneira alguma, mesmo que a ação leve alguns anos". Dias depois, completei: "Na certa Cacciola ficará com sua conta bancária muito menos volumosa, mas nada lhe acontecerá". Exatamente o que ocorreu. Só uma surpresa para este repórter: inesperadamente ninguém mais falou no assunto, jornalões e televisões silenciaram.
Curiosidade: esse silêncio coincidiu com o "sussurro" de que o ex-banqueiro havia sido transferido para um hotel. Assim caminha a humanidade.
As Casas Bahia foram obrigadas a se "fundir" com a Wall Mart, a maior empresa de varejo do mundo. Agora é o Ponto Frio que, pertencendo a bilionários, não se agüenta. Quer evitar a falência.
Ninguém no setor explica a farra de gastos da Casa & Vídeo. Hoje a maior anunciante do Brasil, não equilibra despesas e receita. Resistirá?
O bilionário do México Ricardo Salinas passou o carnaval no Brasil, "sentindo" o mercado. Começou plagiando Paul Getty. "O melhor negócio é uma refinaria bem administrada, o último, refinaria mal administrada". Transferiu para bancos.
Vai instalar bancos para financiar quem precisa de até 500 reais. Ha! Ha! Ha! Seu patrimônio é avaliado em 10 bilhões. Isso o Bradesco (e bancos multinacionais) ganha num semestre.
Chegam à Redação da Tribuna novas denúncias sobre irregularidades no Partido Verde. Agora, falam na existência de uma mansão alugada às margens do Lago Paranoá, em Brasília, que seria usada por amigos e partidários.
À semelhança do que o então ministro Antonio Palocci mantinha na capital, para suas festas particulares. Estamos encaminhando essas denúncias à direção do PV, para que sejam respondidas. Vamos aguardar.
Os sinais da TV digital começaram a ser emitidos em São Paulo dia 2 de dezembro. Até aí, tudo bem, porque qualquer inovação é sempre bem-vinda.
O problema é o custo do aparelho de conversão dos televisores, que não sai por menos de 500 reais, embora o ministro Helio Costa tivesse garantido que o preço do equipamento não chegaria a R$ 200.
A Net está iludindo os consumidores, anunciando planos de TV digital por assinatura a preços mais caros, é claro. A publicidade enganosa omite o fato de ser necessário instalar o conversor para receber a imagem digital.
Fora de São Paulo, nem existe. Ao invés de iludir o consumidor, a Net deveria é estar garantindo que os canais vendidos cheguem às residências com som e imagem compatíveis. Verdadeiro caso de polícia.
Os jornalões fizeram estardalhaço porque Obama ganhou (apertado) 3 prévias: Nebrasca (5 votos), Louisiana (9) e Estado de Washington (11). Mas ainda está atrás em número de delegados.
Quando Dirceu era o homem mais poderoso do Planalto-Alvorada (e do governo e do País), João Paulo Cunha era presidente da Câmara, mas não se viam nem se falavam. Dirceu nem atendia seu celular.
Agora, fingindo oposição, os dois tentam se aproximar do presidente Lula, apesar de saberem que não conseguirão. Para isso, formaram aliança, se encontram ou se falam todo dia.
Antigamente a Polícia Militar era presidida por um general, lógico, do Exército. E seus oficiais só chegavam a tenente-coronel. Movimento pacífico mas de grande força acabou com as duas coisas.
Agora, o secretário Beltrame quer que um general volte a comandar a PM, e reduzir o número de coronéis. O Exército nem quer ouvir falar nisso. E a PM muito menos, truculência Beltrame.
Ontem o Órgão Especial do Tribunal de Justiça (especialmente presidido por Murta Ribeiro) promoveu 8 juízes a desembargadores. Por antiguidade e merecimento. A posse será amanhã, 5ª feira.
O deputado estadual André do PV se meteu numa enrascada. Com boa intenção, claro. Quer que os estaleiros se preparem para reutilizar a água usada nos serviços de reparos e manutenção.
Não obterá sucesso. Motivo: misturar neste momento estaleiros com Cedae é o mais explosivo possível. Cuidado, André, pode naufragar.
Em 1996, FHC mandou pagar indevidamente a Paulo Cabral e Condomínios Associados a importância de 380 milhões. Paulo Cabral recebeu, não deu satisfações a ninguém, principalmente Gilberto Chateaubriand. Este, representante do espólio do pai, entrou com ação ANULATÓRIA.
14ª Vara Cível. Movimento incrível da parte de Paulo Cabral. Petições, contestação, perícias, lobismo, causuísmo, exibição de influência. Da parte de Gilberto, pedido de quebra de sigilo de muitos condôminos.
Gilberto, filho e herdeiro dos bens do embaixador, representando o espólio, tinha direito líquido e certo a uma parte desses 380 milhões. Claro, não recebeu nada, apesar de ter sua participação reconhecida em magnífica sentença do juiz Ronaldo Rocha Passos.
Paulo Cabral recorreu ao Tribunal de Justiça, 3ª Câmara Cível. Mesmo lobismo, pressão, esquemas, muito dinheiro em jogo. Finalmente a decisão a favor de Paulo Cabral, visivelmente contra a prova dos autos. 2 a 1, surpresa total.
Esse voto vencido, do desembargador Luiz Felipe Haddad, grande magistrado. Ainda cabem vários recursos, que serão utilizados.
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O destino é injusto até no nome. Jade Barbosa, a atleta fascinante, não ganhou o prêmio de melhor nos jogos olímpicos. Pois Jader Barbalho cada vez acumula mais prestígio, nomeia mais "pupilos" seus para cargos de alto faturamento.
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Como é que depois de tanta degradação o ministério de Dona Marina propõe anistia aos que praticaram crimes inafiançáveis na Amazônia? Se são "crimes hediondos e inafiançáveis", como podem receber anistia? Que República, perdão, que Amazônia.
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No dia 15 de janeiro noticiei: Marta Lyra, que era chefe de gabinete do presidente do Senado, desde os tempos de Sarney, foi demitida por Garibaldi-Garibaldi. No dia 2 de fevereiro, abrindo a coluna "Panorama Político", bem no alto, estava a mesma nota, integral. Incluindo o fato dela nunca ter deixado o cargo.
Não tenho certeza, é um informe e não uma informação, não posso deixar de registrar. Romario e Eurico teriam conversado, inicialmente pelo celular.
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Nada surpreendente. O Vasco deve mais de 70 milhões a Romário. Houve acordo, a garantia é o Estádio de São Januário. Se quiser, Romario pode barrar o presidente interino.
Por: Helio Fernandes
Fonte: Tribuna da Imprensa