Por: Helio Fernandes
Roubaram Portinari e Picasso, o Brasil é roubado há 500 anos
Diante do clamor pela perda de um Picasso e um Portinari, (roubados) do maior e mais surpreendente museu do Brasil, resolvi fazer entrevista com perguntas e respostas, sobre roubos inacreditavelmente mais importantes, mas que não tiveram a menor repercussão. A polícia não foi chamada, lógico, ela é propriedade dos ladrões.
PERGUNTA - O senhor chorou ou sentiu a perda desses quadros famosos? RESPOSTA - Muito, mas passou logo, quando me lembrei dos roubos da nossa riqueza que já completaram 500 anos. Os ladrões se reproduzem geneticamente em outros ladrões, politicamente todos são herdeiros, favorecidos e beneficiários desses roubos.
P - Você poderia dizer nesses 500 anos qual foi o maior roubo, sem contar o Picasso e o Portinari? R - Puxa, isso é impossível. À medida que a tecnologia vai avançando e se criam e recriam mais riquezas, vamos empobrecendo miseravelmente. Mas acho que além dos roubos materiais levaram também nossa identidade, dignidade, responsabilidade, credibilidade, seriedade, passamos a desacreditar em nós mesmos.
P - Você costuma jogar a culpa de tudo em cima das multinacionais? É isso? R - Monteiro Lobato disse tudo, muito antes de mim, foi preso várias vezes, teve que ir morar nos EUA, não queria viver em cárcere estatal, em presídio construído e controlado por bancos estrangeiros. Frase genial, dele, há mais de 100 anos: "Quando Deus fez o mundo, decidiu. Na América do Sul, todos os países terão petróleo. Menos o Brasil". E desenhou um mapa, com todos os vizinhos do Brasil encharcados de petróleo, menos nós. Foi preso antes de acabar a frase e o desenho.?
P - Mas não é possível localizar quando todos esses roubos começaram?R - Facílimo. Tudo começou com a "descoberta", continuou até hoje. No Brasil desses 507 anos inúteis, o único fato (ou personagem) novo continua sendo Pedro Álvares Cabral. Que criou até o Pero Vaz Caminha, evidente pseudônimo, para enviar a carta famosa, retumbando ao mundo a maior façanha de Portugal.
P - Mas não é o Brasil que enche (palavra usada no sentido popular) o País, considerando a fuga de Dom João VI como o fim do Brasil colônia?R - Somos roubados e nos arrojamos aos pés dos ladrões. 1808 não tem a menor importância, o Brasil era colônia, continuou colônia, não deixaremos de ser colônia. Fazem um foguetório maior do que o da Avenida Atlântica para festejar Dom João VI. Só que na orla são apenas 2 milhões, Dom João VI roubou tudo, que relativamente é maior do que qualquer coisa.
P - Mas não houve progresso algum? O Brasil é tido como potência por causa da riqueza geral, do território e da população? R - É verdade, mas as riquezas vão todas para fora. O território, como não pode ser transportado, é explorado aqui mesmo. Não esqueçam a Amazônia e suas 100 mil ONGs. E a população é esquartejada aqui mesmo, trabalha para os exploradores, desprezo maior pela escravidão do trabalho e a remuneração ou salário só mesmo na China.
P - Mas o Brasil não conquistou a Independência, implantou a República, destruiu a escravidão? R - Tudo farsa, fraude, mistificação colossal e tricentenária. Todos os países do mundo ocidental, nos últimos 250 anos, enfrentaram os mesmos problemas, República, Independência, Abolição da escravatura. (Não necessariamente na mesma ordem). Só que no Brasil nada foi autêntico. A Independência aconteceu porque Portugal achou que não havia mais nada a explorar, a Inglaterra, que dominava o mundo, só queria saber quem ia pagar suas 175 mil libras. Portugal e Inglaterra decidiram que o Brasil pagaria, começou aí a "DÍVIDA EXTERNA". Cujo pagamento só foi interrompido em 1896 por Prudente de Moraes. Mas logo a seguir, a partir de Campos Salles, retomamos os pagamentos, até hoje o povo brasileiro paga para trabalhar e ser roubado.
P - O que você quer dizer com isso? R - Que o Brasil é o Picasso e o Portinari de si mesmo, pinta, coloca numa sala especial e passa a ser o ladrão das próprias riquezas. P - O senhor não poderia citar exemplos? R - Centenas. Mas para terminar por hoje, por hoje, o Brasil que é o Templo mundial do minério, não enriquece com eles. Há 50 anos, por acaso, "descobrimos" Carajás, o maior patrimônio e a maior concentração de minério de ferro do mundo. Com isso, enriquecemos algumas famílias e empobrecemos todo o povo.
PS - No intervalo dos tumultos diários, irei continuando com estes "diálogos". Eu sei que é interminável, tudo pertence a estrangeiros, multinacionais, globalizantes. Mas irei mostrando quem são os "proprietários" da nossa independência-República. Com nomes e sobrenomes das empresas.
Wagner Montes
Seu aparecimento como líder das pesquisas para prefeito complicou tudo. Estava difícil, agora ninguém entende.
Com boa vontade e excesso de otimismo, pode se considerar que a situação econômica do País é boa. Ou melhor: é normal, existe até clima para otimismo, mas vazio e monótono. Acho até que monótono é a palavra certa. Mas a análise política é desastrosa. É evidente que, como tenho dito, no parlamentarismo as coisas se complicam, é preciso compor, conversar, coordenar com partidos da base, meia base, meia oposição e até oposição.
Mas na articulação política só existem amadores, num setor que exige acima de tudo profissionalismo. Levaram meses perdendo tempo e espaço com a questão Renan. Depois, colocaram um Garibaldi-Garibaldi no lugar dele, fracasso.
E vão trocando de coordenadores, com essa palavra sendo usada cheia de "paetês e missangas", todos são índios no assunto. Não quero centralizar ou elogiar: mas o próprio Lula devia ser o coordenador.
No Rio capital, o primeiro partido a tentar resolver sua posição será o PSDB. No dia 17, na Associação Comercial, perante mais de 300 militantes, haverá um debate interno: Otavio Correia-Luiz Paulo Rocha.
Como revelei há mais de 3 meses, se não houver entendimento, o assunto irá para a executiva nacional, que ratificará o nome do candidato.
No PMDB, surpreendentemente, cresce o nome de Eduardo Paes. Como tenho alertado, os governadores têm muita força na escolha, é o caso de Cabral. Mas e Picciani e Mateus, contra Paes no momento?
César Maia, impopularíssimo, e Anthony Mateus (sem o menor interesse) fizeram acordo de lançarem candidato juntos. Mas não passam de Solange Amaral, sem qualquer chance, voto ou penetração.
Surgiu o candidatíssimo Wagner Montes, primeiro na pesquisa, baseado nos 112 mil votos para deputado estadual. Incógnita.
Na série do Globo Repórter, foi feito um programa-vídeo com o título "Cai a máscara do futebol brasileiro". Contrariava interesses da Organização, alguém importante viu, foi vetado.
Apesar de não ter sido exibido, causou enorme confusão na Globo. Um funcionário vazou, e o vídeo já visto, interessante.
Curiosidade: o repórter que vazou o programa trabalha hoje na Rede TV. Tudo devidamente abafado. O público iria gostar como gostei.
Carlos Lessa, economista de participação constante, é um personagem interessantíssimo. Presidiu o BNDES, descobriu fatos "enterrados", que o presidente Lula não quis "desenterrar". Devia.
Multimilionaríssimo, e sem ligar para dinheiro, compra prédios (ou tem muitos de herança) simplesmente para restaurá-los e recuperá-los. Candidato a prefeito, não quer ser vice de ninguém, muitos convites.
Tenho dito aqui: Edson Lobão receberá o Ministério de Minas e Energia limpinho. Sarney trabalha para que fique com várias empresas.
Não custa lembrar. Quando João Figueiredo assumiu, seu maior amigo era o coronel Cesar Calls. Queria fazê-lo ministro.
Chamou-o, comunicou: "Você vai ser ministro de Minas e Energia, mas não pode nomear nem o chefe de Gabinete". Ditadura e democracia, iguais. A culpa é do parlamentarismo implacável.
Os casamentos do presidente Sarkozy têm sido tão rápidos, que ele casa em fevereiro, mas já com advogado contratado para o divórcio. Pode ser até que não precise. Mas não é a praxe.
Com a primeira, ficou pouco tempo, até conhecer a bela Cecilia. Casou com ela em dois turnos. (Separaram, voltaram, separaram). Agora foi fulminante e surpreendente. Por que casar logo?
Quando pararam para o almoço, os amestrados do rádio e televisão retumbavam: "A Bovespa opera em fortíssima alta". Essa "fortíssima" não passava de 1,50 e depois 1,60%, "perfumaria".
A essa hora os negócios haviam passado pouco de 1 bilhão, o "entusiasmo" era falso. O dólar caía para 1,75%, menos 0,60%.
Fechou pouco acima de 3 reais, nenhum problema. Aprenderam com Paul Getty, que fez fortuna na Bolsa e dizia: "Eu ganho na alta e na baixa. O importante é não deixar de jogar".
Tenho feito revelações seguidas a respeito do enriquecimento ilícito de César Maia. A partir do ICM "fiscalizado" por fiscais da sua confiança, depois pelo famoso p-r-o-p-i-n-o-d-u-t-o.
Todo ano o prefeito manda para a Câmara Municipal um projeto para ser votado às pressas. No projeto do final de 2007, o vereador Wilson Leite Passos, votando, chamou a atenção para esse aspecto.
Disse textualmente: "Há algo estranho, porque o prefeito é useiro e vezeiro, ao final de todas as legislaturas envia mensagem eivada de suspeição. Grandes interesses financeiros".
Aí Wilson Leite Passos passou a transcrever: "O jornalista Helio Fernandes tem feito denúncias da mais alta gravidade a respeito de irregularidades e ações criminosas praticadas pelo prefeito".
E sempre deixando bem claro que as denúncias são deste repórter, continuou: "Há várias semanas o jornalista vem publicando artigos sucessivos, devemos tomar providências sobre essas falcatruas do governo municipal. Estou atento".
Perfeito, Leite Passos. Tenho dado nomes, datas, enriquecimento.
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O presidente do Flamengo, Marcio Braga, está distribuindo aos conselheiros um "papelucho" tão ridículo que provoca enormes gargalhadas. Colocou como título "só o amor constrói para a eternidade", frase de Getulio Vargas. Mas é tudo tão primário, tão mal escrito e sem significado ou significação, que ninguém tem dúvida: foi escrito pelo próprio tabelião que jamais trabalhou na vida.
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Nomeado conselheiro do Fundo Real Grandeza, um funcionário chamado Enio Silveira Junior não quis publicar seu nome ontem. Sabia que o bravo Editor (dos grandes resistentes da ditadura) tinha dois filhos, mas fiquei em dúvida. Confirmando, posso informar: esse é um homônimo, pode até ser uma revelação como conselheiro da Real Grandeza.
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Carlos Heitor Cony, tomando como base a operação de anistia da Itália, diz "a anistia brasileira (lei 10559, 2001) tem que ser cumprida". É evidente que foi aprovada, promulgada e publicada para ser cumprida. Mas essa ANISTIA É SÓ para os que foram C-A-S-S-A-D-O-S. Portanto, podem até defendê-la, mas sem direitos.
Fonte: Tribuna da Imprensa