Márcio Falcão Brasília
As portas dos partidos aliados no Senado não estão completamente abertas para o suplente Edison Lobão Filho (MA), que foi convidado a deixar o DEM. Das oito legendas da base, apenas duas, PMDB e PTB, já sinalizaram disposição para acolher Edinho, como é conhecido o filho do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. O futuro senador, que ontem ensaiou assumir o cargo, sustenta que toma posse nesta semana, mas ainda não definiu nem a data nem o horário. A estratégia, segundo confidenciou a aliados, é "esfriar e reduzir a pressão" por conta das denúncias que pesam contra ele.
O ingresso de Edinho no PMDB é o caminho mais natural, mas o partido está dividido. Há peemedebistas resistentes porque avaliam como negativo para a imagem do partido o fato dele deixar outra legenda sob acusações de utilizar "laranja" para ocultar dívidas de uma distribuidora de bebidas. Temem, ainda, que o caso respingue no governo e desestabilize o ministro.
Mas, entre alguns líderes do PMDB, como o líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR), a chegada do suplente é considerada "interessante". A justificativa é que Edinho reforçaria a bancada diante da fragilidade demonstrada em votações importantes, como a que determinou o fim da CPMF. Dentro do partido, alguns senadores trabalham para emplacar um acordo no qual Lobão Filho pediria licença para que o segundo suplente, Remi Ribeiro (PMDB-MA), também com problemas na Justiça, fique com a cadeira.
- O assunto está sendo debatido - desconversa o líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO).
Bem-vindo
Junto aos petebistas, o suplente é considerado "bem-vindo". O presidente regional do PTB no Maranhão, deputado federal Pedro Fernandes, fez um convite informal de filiação.
- Estamos de portas abertas - avisa.
Na noite de ontem, Edinho telefonou ao deputado para agradecer o convite, mas não quis fechar nenhuma questão. O líder da bancada no Senado, Epitácio Cafeteira (MA), diz não ser contrário à filiação e teria pedido autorização para o presidente nacional do partido Roberto Jefferson para negociar.
- Vamos conversar nos próximos dias - assegurou o líder.
Na avaliação de parlamentares ligados a Lobão Filho, a decisão sobre seu novo partido só deve sair depois da posse. A expectativa é de que ele deixe o DEM antes de assumir o cargo. Na briga entre PMDB e PTB, a maioria aposta que o PMDB deve ganhar um novo integrante. O motivo seria a política local. Se optar pelo partido, teria o apoio da família Sarney para traçar seu plano político e ganhar destaque no Senado.
A situação do suplente nos outros partidos aliados ainda é tratada com discrição. Com uma parte da bancada viajando, os integrantes do PT ainda não discutiram oficialmente a possibilidade de aceitar o futuro senador, mas ao que tudo indica não haverá resistência. O vice-líder do partido, Eduardo Suplicy (SP), destaca que está disposto a ouvi-lo.
- Não tive informação de que o PT considerasse a hipótese de receber o Lobão Filho. Mas, se ele se comprometer com os idéias de nosso partido, não vejo motivos para não conversamos com ele - observa Suplicy.
Em outras legendas, como PDT, PSB e PR, os líderes afirmam que o acolhimento depende de uma articulação dos diretórios dos partidos no Maranhão.
- Neste debate, a primeira ação é ouvir o Estado. Até porque o PDT tem sido muito seleto na aceitação de parlamentares - diz o líder Jefferson Péres (AM). - Eu, pessoalmente, prefiro um partido pequeno, mas com hegemonia de identidade.
Fonte: JB Online