Bancada pede apoio da base aliada para criar CPI e investigar tragédia
Aoposição na Assembléia Legislativa encaminhou ontem um requerimento ao secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esportes, Nilton Vasconcelos, solicitando informações detalhadas de quanto o governo Jaques Wagner (PT) investiu no estádio da Fonte Nova. O que motivou a atitude da bancada foram as declarações dadas por Wagner no dia 30 de outubro, no programa Conversa com o governador, de que estava investindo R$3,5 milhões no estádio.
O petista chegou a comemorar o fato de ter liberado a arena para a capacidade total de 60 mil pessoas – a gestão passada havia interditado os anéis superiores –, afirmando que a Bahia já estava pronta para receber um jogo da Seleção brasileira nas eliminatórias para a Copa da África do Sul, em 2010. Para a oposição, com base em números oficiais, o governo só havia investido este ano R$49,7 mil no estádio, através da Sudesb, órgão subordinado à secretaria comandada por Nilton Vasconcelos.
“Queremos é uma informação oficial do governo de quanto foi investido no estádio. Queremos esclarecer isso. Não se trata de uma disputa política, de exploração política de uma tragédia. Muito pelo contrário. Queremos inclusive a ajuda da bancada do governo, para que ela também se empenhe, pois a Bahia inteira quer esse assunto esclarecido, quer saber quem são os responsáveis pelo que aconteceu e quer ver a punição dos culpados”, disse o líder da oposição, deputado Gildásio Penedo (DEM).
CPI - Penedo disse ainda que a oposição apoia a criação de uma CPI para investigar as razões da tragédia desde que a comissão conte com o apoio também da base aliada, que não se manifestou ontem sobre o assunto. A tendência, portanto, é que a comissão não seja criada, pois a minoria não tem o número necessário de parlamentares – 21 – para criar uma CPI.
Proponente da CPI, o deputado João Carlos Bacelar (PTN) chegou a fazer um apelo à base governista em defesa da criação da comissão. Ele afirmou que o relatório do diretor de operações da Sudesb, Nilo dos Santos Júnior, pedindo a interdição da Fonte Nova no atual governo “é claro e não há como ocultar a responsabilidade do governo do estado nestas sete mortes”.
O deputado apresentou, em plenário, o relatório da empresa Geluz, que aponta mais de 50 pontos nas arquibancadas passíveis de desabamento. Foi com base neste relatório que o governo passado interditou o anel superior da Fonte Nova. “Porque, então, a atual administração liberou o acesso, primeiro para 40 mil torcedores e logo que o Bahia chegou as oitavas de finais, foi liberada a capacidade máxima, sem que o estádio tivesse passado pela reforma? A Assembléia não pode abrir mão de uma de suas mais importantes atribuições de investigar”.
Bacelar afirmou que não quer politizar o discurso, visando ao desgaste político do governador, “porque isso a imprensa já fez”. “Mas precisamos encontrar alternativas para a situação da Fonte Nova, dar uma satisfação à sociedade, porque houve sete mortes e mais de 60 feridos. Precisamos também encontrar os responsáveis por esta tragédia”.
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Secretaria não sabe valor que foi gasto
O líder do governo na Assembléia, deputado Waldenor Pereira (PT), não se manifestou sobre a proposta da oposição de criação de uma CPI para investigar a tragédia da Fonte Nova, que matou sete pessoas e deixou 60 feridos. Mas o deputado Zé Neto (PT) prometeu uma investigação completa por parte do governo e disse que a minoria estava fazendo leitura equivocada das declarações de Jaques Wagner (PT) no programa de rádio Conversa com o governador.
Segundo o deputado, o governador disse que o estado “estava investindo R$3,5 milhões”, numa ação contínua, e não que “já tinha investido” R$3,5 milhões. Além disso, o petista disse que estava em curso uma licitação de cerca de R$1,5 milhão para obras no estádio. De acordo com o petista, a Fonte Nova não foi fechada pelo estado temendo discursos contrários da oposição e até mesmo uma reação da torcida tricolor do Bahia. O parlamentar só não esclareceu porque o anel superior da Fonte Nova, interditado pelo governo passado, foi liberado sem que a reforma tivesse sido executada.
A reportagem do Correio da Bahia tentou entrar em contato com o secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esportes, Nilton Vasconcelos. Mas a assessoria de imprensa da pasta afirmou que Vasconcelos, indicado ao cargo pelo PCdoB, estava viajando. A assessoria informou ainda não saber dizer quando o governo investiu este ano na Fonte Nova.
Fonte: Correio da Bahia