Lula reforça que não pretende concorrer a um 3º mandanto e frisa que em três anos estará desempregado
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou ontem que não pretende concorrer a um terceiro mandato. "Não sou mais candidato a nada. Acabo em 2010", afirmou o presidente, logo após defender a CPMF. Antes, se dirigindo a metalúrgicos no estaleiro Mauá, Lula frisou que só teria mais três anos de emprego, ao contrário dos empregados da empresa, que terá encomendas pelos próximos quatro anos.
"É importante frisar que meu tempo de emprego é menor do que o tempo de emprego dos trabalhadores daqui. Eles terão pelo menos quatro anos e eu só tenho mais três. Depois, estarei desempregado e venho aqui tentar uma vaguinha", brincou o presidente.
A cerimônia celebrava mais um contrato do Programa de Modernização de Frota da Transpetro, subsidiária da Petrobras, que encomendou 26 embarcações no País. Dos contratos assinados ontem, quatro navios serão construídos no Mauá, por encomenda da Transpetro e serão destinados ao transporte de combustíveis.
Outros cinco pertencem à Login, empresa de logística oriunda do grupo Vale, e serão usados para o transporte de contêineres no litoral brasileiro. Em seu discurso, Lula pediu mais investimentos das duas maiores empresas brasileiras. "Esqueceram que, por mais que tenha ações em bolsa, a Petrobras é empresa nacional e precisa devolver para o Brasil a riqueza que extrai do subsolo. O mesmo vale para a Vale do Rio Doce, que está construindo navios agora e precisa produzir aço aqui", disse.
Lula disse esperar que, após a descoberta do campo gigante de Tupi, na Bacia de Santos, a Petrobras possa encomendar um maior número de navios e plataformas junto à indústria nacional. E defendeu a retirada de áreas próximas à reserva do último leilão da Agência Nacional do Petróleo (ANP) para melhor avaliação.
"Aquele petróleo que está lá não é da Petrobras, não é dos seus sócios: é do povo brasileiro". O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, disse depois que a empresa já tem a responsabilidade social como um de seus pilares. "Não é só o lucro, é também pensar no País. Qualquer grande empresa atua dessa maneira", afirmou. Gabrielli disse que a empresa ainda não trabalha com prazos para o desenvolvimento da reserva gigante. Reforçou apenas que um projeto piloto deve ser iniciado no final de 2010.
Em seu discurso, o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), apoiou a indústria naval em disputa com as siderúrgicas a respeito do preço do aço. Ele ameaçou dar isenção de ICMS às importações de aço caso as siderúrgicas nacionais não cheguem a um acordo com os estaleiros. Segundo ele, a medida poderia "colocar juízo na cabeça do setor nacional da indústria do aço".
Fonte: Tribuna da Imprensa