Leandro Mazzini
Sobram boas intenções na agenda de 2008 do presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN). De fala tranqüila, gestos pausados e sorriso constante, o senador era a figura que a Casa precisava para mostrar a uma insatisfeita sociedade que tem, sim, gente de bem e - pelo menos por enquanto - sem pendências judiciais que causem transtornos a 80 colegas. Uma semana no cargo, no entanto, e esse semblante de camarada ganha contornos que as palavras vão tratando de desvelar. A verdade é que Garibaldi se faz aquele predador que se camufla para dar o bote. E ele está preparando.
Antes um inofensivo governista em plenário, garimpeiro de votos dos colegas de base e oposição para o cargo, o agora presidente causou surpresa ao criticar os pares quando alguns deles ensaiaram gritar por aumento salarial: "Vocês acham que o Senado está trabalhando bem? Eu não", mandou o cala-boca. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a ficar preocupado na quinta-feira, quando foi avisado pela imprensa de que Garibaldi vai cobrar a maioridade do Congresso junto ao Executivo. É notório e, do discurso para a prática, serão dois meses: o Congresso vai começar a barrar as medidas provisórias do presidente.
- Do jeito que está, não pode continuar - disse o senador à coluna. - Eu e Arlindo Chinaglia vamos conversar.
A idéia é tirar do papel a comissão mista que deveria estar funcionando para analisar as MPs que desembarcam no Legislativo e atropelam as pautas. Para tanto, Garibaldi terá de convencer os colegas. E por que até hoje essa comissão não existe? O senador tem a resposta, e a exprime com a cautela daqueles que sabem o perigo de um tombo da cadeira que ocupa.
- Não sei se foi descaso dos outros presidentes, ou se foram torpedeados pelos líderes ao proporem isso. Mas a minha disposição e a do Chinaglia é essa.
Apagão oculto
O presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), prefere os vôos comerciais aos jatos da FAB a que tem direito. E, apesar de ter sofrido numa fila de check-in em Brasília na sexta-feira, rumo a São Paulo, endossa a presidente da Anac, Solange Vieira. Diz que não há crise aérea. "O meu vôo só atrasou 40 minutos".
Apagão oculto 2
Um oficial da Aeronáutica à paisana, claro, desbancou uma tripulação inteira no último dia 6, no vôo 1812 da Gol - Galeão-Afonso Pena (Rio-Belo Horizonte). O avião decolou com uma hora de atraso, às 21h45. As comissárias culparam os controladores de vôo, que estariam "em estado de greve". O oficial pegou o celular, ligou para o Cindacta 2 e matou a dúvida, em público. Era apenas o mau tempo. O comandante pediu desculpas no microfone.
O escolhido
Diante da desistência de Gilberto Gil de seguir na vida política, o PV do Rio bateu o martelo. Chamou o deputado federal Fernando Gabeira para disputar a prefeitura. O convite foi aceito.
Feliz 2010!
A ex-senadora Heloísa Helena (PSOL) está com saudade do poder. Começou a campanha para 2010 pelo celular. Mandou torpedo florido para uma lista de amigos: "Feliz Natal! Com jasmins, rosas, angélicas, lírios, orquídeas...".
Bilhete pago
A atriz Letícia Sabatella chamou a atenção em Brasília ao comprar a briga de dom Luiz Cappio na greve de fome contra a transposição do Rio São Francisco. Mas só foi para a capital porque o MST pediu ao PSOL que pagasse os bilhetes aéreos de ida e volta. A conta caiu no gabinete da deputada Luciana Genro (RS).
Em baixa
Essa nova greve de fome, aliás, foi um tiro no pé para dom Cappio. Não só irritou os governistas e o presidente Lula. Provocou os vizinhos. O poeta Allan Sales, de Crato (CE), fez um cordel sem medo de ser excomungado. "Esse bispo passa bem/ Tem casa e comida boa/ Mas meu sertão fica à toa/ Barrar isso não convém".
Resorts para a Copa
A ministra do Turismo, Marta Suplicy, já começou a se movimentar para a Copa de... 2014. Quer facilitar investimentos de hotéis em resorts, tão cobrados pelas seleções. O Brasil ainda carece dessa infra-estrutura.
Fonte: JB Online