TRIBUNA DA BAHIA Notícias
Os prazos cada vez mais longos com prestações que cabem no bolso permitem neste fim de ano a realização do sonho de consumo de boa parte da população. Com desembolso de cerca de R$ 300 por mês é possível, por exemplo, comprar um carro ou fazer uma cirurgia plástica estética, mesmo que para isso demore até seis anos para se livrar do financiamento. Com a estabilidade da moeda, aumento do emprego e da renda, os empréstimos ao consumidor com prazos mais longos, acima de três anos, caíram no gosto dos brasileiros, que estão se endividando em suaves prestações. Tanto é que os empréstimos de longo prazo foram os que mais cresceram em 12 meses, segundo o último Relatório de Crédito do Banco Central (BC). Até outubro, o saldo de financiamentos a vencer acima de 1.088 dias (ou três anos) somou R$ 52,2 bilhões. O acréscimo foi de 46,5% no período, apesar de essa modalidade de empréstimo, que inclui cheque especial, crédito pessoal, financiamentos imobiliários, veículos e bens diversos, responder, ainda, por apenas 14% do volume total do saldo de crédito. A maior fatia dos financiamentos, 36%, ainda é de empréstimos quitados em até 180 dias (seis meses), que cresceram 24,6% no período. No segmento automotivo, onde o crédito de longo prazo é mais comum, do total de carros novos e usados financiados este ano, 70% são para pagamento a partir de três anos, revela estimativa da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef). A média dos contratos é de 42 meses para pagamento, ante 36 meses há um ano. Planos de 84 meses ou 7 anos e 72 meses ou 6 anos representam, cada um, 5% dos financiamentos. Já os planos de prazos longuíssimos, como o de 99 meses (mais de 8 anos) oferecidos recentemente em feirões realizados em São Paulo, não atraíram muitos consumidores. A professora de inglês Marilena Garcia Fontanete escolheu um plano de 60 meses (5 anos) para pagar o modelo Renault Clio adquirido há dois meses, e está satisfeita com a compra. “Vendi o carro usado e com o dinheiro acabei as obras de construção da minha casa e decidi financiar o carro zero integralmente”, conta. Marilena vai pagar R$ 708 por mês, o que, ao fim do contrato, dará R$ 42.480. À vista, o Clio sairia por R$ 27 mil. “Para mim foi um bom negócio, pois com o dinheiro do aluguel eu pago o carro”, diz ela, que usa o veículo diariamente. Num feirão realizado ontem ao lado do Sambódromo, organizado pela empresa MSantos com cerca de 5 mil carros seminovos à venda, há várias opções na casa de R$ 300 ao mês. Modelos Celta, Palio, Ka, 206 e Gol 1.0 ano 2003 são vendidos por 72 parcelas de R$ 359 ou R$ 16.990 à vista. Um Uno Fire 2003, que custa R$ 15 mil, pode ser comprado em 72 prestações de R$ 309.
Brasileiro está otimista com o comportamento da economia
A maioria dos brasileiros está otimista com a evolução de sua situação econômica, mas são os moradores das regiões Norte e Centro-Oeste os que acreditam que haverá substancial melhora nos próximos meses. Coincidentemente, são alguns dos Estados dessas duas regiões os que hoje concentram os maiores índices de aumento das vendas no comércio, onde o impacto da melhora da renda e do emprego é direto. Também ocorre no Norte e no Centro-Oeste grande parte da produção de commodities agrícolas e minerais do país, cujos preços vêm atingindo níveis recordes no mercado internacional e ampliando a renda de produtores dessas áreas. Pesquisa Datafolha realizada em todo o País entre os dias 26 e 29 de novembro com 11.741 entrevistados mostra que 54% dos brasileiros acreditam que sua situação econômica vai melhorar daqui para a frente. Entre os moradores do Norte/Centro-Oeste, o percentual salta a 61%; no Nordeste é de 59%. Nas regiões Sul e Sudeste, os números ficam abaixo da média nacional: 42% e 52%, respectivamente. Enquanto as vendas médias do comércio varejista subiram 9,6% em todo o País entre janeiro e setembro, em alguns Estados do Nordeste o percentual de aumento é muito superior. Em Alagoas, a alta foi de 26%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No Ceará, de 12,3%. Em Sergipe, de 11,5%. No caso do Nordeste, a região também concentra a maioria dos beneficiários de programas sociais e assistenciais, como o Bolsa Família e outros vinculados à Previdência. Estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste como Maranhão (14,8%), Pará (10,9%) e Mato Grosso do Sul (14,1%) também tiveram vendas comerciais no ano maiores do que a média. Já no Sul e no Sudeste, vários Estados têm registrado desempenho do comércio abaixo da média nacional. Casos de Rio Grande do Sul (6,2%), Paraná (7,1%), Rio (6,1%) e Minas Gerais (7%), por exemplo. O Datafolha também questionou os entrevistados sobre suas expectativas sobre a inflação, o desemprego e o poder de compra. O último levantamento do tipo havia sido feito em meados de dezembro de 2006, logo após a reeleição do presidente Lula. Os números mostram que os brasileiros estão mais realistas em relação ao futuro e que as expectativas voltaram a patamares anteriores à eleição do ano passado.
Fonte: Tribuna da Bahia