RENATA BAPTISTAda Agência Folha
Sem dinheiro ou documentos, 13 alunos da Escola Agrotécnica Federal de São Cristóvão (SE) foram levados de ônibus até o centro de Aracaju, distante 25 km da instituição de ensino, e deixados lá na madrugada de segunda-feira (17), como punição por terem ateado fogo a colchões.
O Ministério Público Federal em Sergipe abriu procedimento para investigar se houve abuso de poder do diretor da escola, José Aelmo dos Santos, que teria dado a ordem para a punição dos garotos --quatro deles eram menores de idade. A reportagem não conseguiu falar com Santos.
A suposta determinação do diretor aconteceu após alguns alunos atearem fogo em colchões num dos alojamentos da instituição, no domingo (16) à noite. Segundo os estudantes, o diretor ordenou que o grupo entrasse em um ônibus da escola que os levaria à rodoviária de Aracaju, a 25 km de distância da escola.
Os alunos foram deixados por volta da meia-noite no local e, segundo eles, não tinham dinheiro ou documentos. Como não possuem parentes em Aracaju, procuraram a Polícia Civil e a Polícia Federal. Eles passaram a noite na delegacia de plantão e, pela manhã, denunciaram o caso ao Ministério Público.
Por determinação da procuradora da República Eunice Carvalho, os alunos retornaram à instituição por volta das 11h da segunda-feira. A maioria deles está realizando provas para conclusão do curso técnico do ensino médio.
Segundo o Ministério Público, Santos disse em depoimento que determinou a saída dos alunos da escola porque eles estavam fazendo um tumulto "grande". Ele declarou, de acordo com o Ministério Público, que ninguém foi expulso e que não sabia da existência de menores de idade no grupo.
Na escola, a reportagem foi informada de que apenas o diretor se pronunciaria sobre o caso. Santos, no entanto, não respondeu às mensagens deixadas no telefone celular.
De acordo com a procuradora, o diretor não poderia ter tomado a atitude e colocado em risco a integridade física dos estudantes.
A escola é ligada ao Ministério da Educação e possui 680 alunos, dos quais 300 no regime de internato.
Fonte: Folha Online