BRASÍLIA - O diretor geral da Polícia Federal (PF), Luiz Fernando Corrêa, informou ontem que a Superintendência do órgão no Mato Grosso do Sul está sendo acionada pelo Ministério Público Estadual (MPE) para investigar o mensalão do Zeca do PT, como é chamado o petista José Orcírio Miranda dos Santos, que governou o estado de 1999 a 2006. Ele disse que a investigação será impessoal e nada vai interferir na autonomia do delegado que for designado para comandar o inquérito.
"O que aparecer, nós vamos investigar. A denúncia surgiu e a nossa delegacia (no estado) já está sendo acionada. Não há como interferir", enfatizou. O MPE suspeita que o esquema, do qual Zeca seria o cabeça, tenha desviado cerca de R$ 30 milhões dos gastos com publicidade no segundo mandato, para pagar o mensalão a políticos do estado, entre os quais o senador Delcídio Amaral (PT-MS) e os deputados federais petistas Vander Loubet e Antônio Carlos Biffi, que negam a acusação.
Conforme a denúncia, o ex-governador teria exercido o papel mais importante na organização, que seria responsável por "um grandioso esquema" de desvio de recursos do erário. As doações constam de um livro de anotações de pagamentos mensais apreendido pelo Ministério Público, que será entregue à PF para perícia. Sem citar nomes, Corrêa disse que a investigação terá seu curso normal independente de quem esteja envolvido.
"Enquanto polícia judiciária, a PF raciocina sobre fatos e investiga fatos, não pessoas. Agora, quando esses fatos revelam um nome, a gente investiga e pronto. Tudo o mais é secundário", completou ele, dando a entender que a instituição não pauta suas investigações pelo nome do envolvido, o cargo que ocupa ou o vínculo partidário.
A fraude, conforme a denúncia, era realizada por meio de notas fiscais frias. A opção por contratos de publicidade, segundo informam os membros da força-tarefa, criada pelo MPE para investigar, foi feita porque nesse tipo de serviço há muita subjetividade no valor e fica mais difícil a aferição.
Fonte: Tribuna da Imprensa