Por Claudemiro Godoy do Nascimento
Pe. Júlio Lancelotti vem sendo linchado pela mídia brasileira, em especial, àquelas que estão a serviço das elites e das classes dominantes.
Há algum tempo, a imprensa destila seu veneno contra o Padre Júlio Lancelotti. Não nos esqueçamos da bizarra matéria da Veja escrita pela repórter Camila Antunes intitulada O Pecado da Demagogia. Nesta grotesca reportagem da Veja, Padre Júlio Lancelotti é chamado de líder de uma organização política, criador de uma categoria sociológica ?Povo da Rua? e promotor da idéia de que a situação do povo da rua se encontre em estado permanente. Na época, janeiro de 2006, escrevi um artigo intitulado A demagogia do pecado, apontando as reais intenções da reportagem a serviço da lógica excludente do então prefeito José Serra que queria retirar todos os moradores de rua do Centro de São Paulo para ?higienizar? os ares e a estética da cidade. Higienizar para que as elites pudessem ter sossego e não mais ser incomodada com os forasteiros moradores de rua. Evidentemente que o Padre Júlio e as pastorais sociais da Igreja se colocaram contra tal propósito excludente do então prefeito e atual governador José Serra. Hoje, temos assistindo a uma verdadeira novela que ronda a pessoa humana do Padre Júlio que sempre agiu segundo o espírito do Evangelho. Nós, que o conhecemos há anos seu trabalho junto aos excluídos, seja o povo da rua, seja as crianças e adolescentes vítimas do abandono ou do vírus HIV, somos testemunhas de sua coragem e profecia. Não tenho dúvidas que Padre Júlio ?caminha nas estradas de Jesus?. Exatamente por romper com tudo aquilo que seja anti-Reino é que Padre Júlio vem sendo alvo de intensas reportagens ambíguas e maldosas. Padre Júlio ao denunciar a extorsão que vinha recebendo, aos poucos, por meio das especulações dessa mídia elitista, vem passando da condição de vítima a condição de culpado. Culpado por amar tanto os pobres, os moradores de rua, as crianças. Culpado por ser pai de muitos e muitas. Culpado por seguir fielmente o Evangelho de Jesus. Sim, culpado por colocar-se a serviço daqueles e daquelas considerados os últimos pelas classes dominantes e os primeiros aos olhos de Deus. Essa é sua culpa. Mas para a imprensa e para muitos setores do poder dominante, a culpa é outra. Até mesmo de homossexual está sendo chamado. O próprio advogado do grupo que extorquia Padre Júlio demonstra uma imensa incapacidade ? condição própria de um pequeno-burguês a serviço das elites ? e que viu nesta defesa uma boa oportunidade para aparecer, para estar na mídia, anunciando falsas acusações contra uma pessoa humana que, independentemente de ser ou não o Padre Júlio, ninguém deveria passar. A mídia deita e rola, com as reportagens, com as especulações, com as hipóteses que em nada apresentam o conceito científico da investigação. Preocupa-me a formação dessa imprensa. Não possuem nenhuma condição científica para ali estarem cobrindo uma matéria que deveriam antes de tudo averiguar, mas não, já lançam as hipóteses e especulações que acabam deteriorando os sentimentos e a subjetividade das pessoas. Culpar Padre Júlio de práticas homossexuais é realmente algo bizarro, nojento e bárbaro. Por isso, acredito que a vítima ? Padre Julio Lancelotti ? nas mãos da imprensa e do poder dominante se tornou há muito tempo culpado. Para a lógica dos defensores do capital e da burguesia realmente ele é culpado como já disse acima. Mas para Deus, ele sempre será um presente. Um homem hominizado pelo amor, pelo serviço, pelo testemunho e pela solidariedade que se tornaram ao longo desses anos sua própria regra de vida que podemos resumir na seguinte afirmação: doar-se sempre aos mais pobres e excluídos. Esse foi, é e será sempre o nosso companheiro da caminhada, Padre Júlio Lancelotti. Claudemiro Godoy do Nascimento Filósofo e Teólogo. Mestre em Educação pela Unicamp. Doutorando em Educação pela UnB.
Email:: claugnas@globo.com URL:: http://www.libertacao-cidadania.blogspot.com
Fonte: CMI Brasil