Brasília. A condenação do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) vai depender do senador Jefferson Péres (PDT-AM). Enquanto Péres mantém o suspense sobre sua posição, os relatores dos outros dois processos contra Renan no Conselho de Ética já avisaram a senadores que não irão propor punição ao colega.
O senador Almeida Lima (PMDB-SE), relator de denúncia de que Renan montou esquema de corrupção em ministérios do PMDB por meio de um lobista, tem dito que pedirá o arquivamento do processo por falta de fatos que justifiquem a representação:
- Já poderia ter considerado o processo inepto. Não há acusação contra Renan - repete a todos que lhe perguntam.
O senador João Pedro (PT-AM) também sinalizou que irá manter sua posição de que não há provas para condenar Renan. Ele relatou denúncia de que o senador teria trabalhado para reverter dívida de R$ 100 milhões da Schincariol junto ao INSS depois que a empresa comprou uma fábrica de seu irmão a preço superfaturado.
Valdir Raupp (RO), líder do PMDB no Senado, disse que há um esforço para que os processos sejam votados no dia 22, antes do prazo dado por Renan para voltar à presidência - a licença se encerra dia 25:
- Se puder resolver isso até o dia 22, será muito bom para todos. Pelo menos já resolve o problema da sucessão, se é que o senador Renan vai se afastar definitivamente da presidência - comenta o líder.
Os processos contra Renan Calheiros só vão chegar ao plenário se um dos três relatores recomendar a cassação e o texto passar no plenário do conselho. Renan já teria sido informado por interlocutores que Péres irá pedir sua cassação.
O pedetista diz que não irá adiantar sua posição, mas que vai considerar no relatório que "tudo o que arranha a honra e a reputação de alguém é falta de decoro".
- Você precisa estar convicto para concluir, com base em fatos ou ausência de fatos. Eu já tenho elementos para apresentar o meu relatório - afirma.
Péres promete apresentar o texto na próxima quarta-feira ao plenário do conselho. Se pedir a cassação de Renan, o relator admite que poderá haver pedido de vista para adiar a votação do texto para o dia 20. Antes da leitura, no entanto, ele ainda pretende concluir as investigações contra o peemedebista.
O relator vai ouvir, na próxima terça-feira, os depoimentos do governador de Alagoas, Teotônio Vilella Filho (PSDB), e de outras duas testemunhas do caso - Carlos Santa Rita e Nazário Pimentel.
Santa Rita é apontado como um dos laranjas que teria sido usado por Renan para a compra das rádios em Alagoas, enquanto Pimentel teria vendido as emissoras ao presidente licenciado do Senado.
(Com Folhapress)