A Petrobras está propondo às distribuidoras um aumento de 30% no preço do gás produzido no Brasil, informou o presidente da CEG, que opera no Estado do Rio, Bruno Armbrust. Segundo ele, o reajuste faz parte das negociações para renovação de contratos de fornecimento que começam a vencer. O executivo calcula que, para o consumidor, o repasse poderá chegar a 24%, já que incide sobre uma parcela equivalente a 80% do preço final. Números finais, porém, dependem da legislação de cada Estado.
A Petrobras já vem alertando o mercado da necessidade de reajustes no preço do gás, alegando que precisa pagar os investimentos na expansão da oferta do combustível. Mas, até o fechamento desta edição, a estatal não confirmou o percentual informado pela CEG. Em 2005, a companhia retirou os descontos que concedeu durante dois anos nos preços do gás nacional e do produto importado da Bolívia.
Desde o segundo trimestre daquele ano, o preço do gás entregue às distribuidoras subiu cerca de 50%, acompanhando a elevação do preço do petróleo. Armbrust calcula que, caso a proposta da Petrobras seja aceita, o preço do gás nacional passará dos atuais US$ 5,60 por milhão de BTU para US$ 7,40 por milhão de BTU.
O executivo explicou que apesar de a proposta ser destinada a todas as distribuidoras, apenas as que estão com o contrato vencendo entre este ano e o próximo é que estarão sujeitas a este adicional. Isso deve atingir especialmente as empresas da região Nordeste.
Contrato da CEG é até 2012
Já a CEG possui contrato com a Petrobras até 2012 e não pretende adiantar sua renovação, adiantou Armbrust. "O que estamos discutindo agora é o volume que será entregue", disse. A CEG distribui cerca de 7,3 milhões de metros cúbicos por dia, mas tem contrato para apenas 5,1 milhões. A Petrobras propõe garantir mais 650 mil metros cúbicos firmes e 1,55 milhão de metros cúbicos de forma interruptível, ou seja, com possibilidade de suspensão da entrega quando o produto tenha de ser destinado a térmicas.
Na opinião de Armbrust, o aumento de 30% na tarifa base pode inviabilizar novos investimentos em conversão para gás natural. "O gás perderia muito competitividade. Seria complicado atrair novos consumidores", disse. Não é segredo, porém, que o crescimento acelerado do mercado preocupa a Petrobras.
Em entrevista concedida anteontem, o presidente da companhia, José Sérgio Gabrielli, afirmou que não tem condições de acompanhar o ritmo atual. O secretário de desenvolvimento do Estado do Rio, Júlio Bueno, propôs um aumento no preço do gás destinado às térmicas, que reduziria as chances de acionamento das usinas. "O custo do gás para térmicas é hoje irracionalmente baixo" criticou o secretário, afirmando que o País não deve subsidiar um produto escasso.
Segundo ele, o governo deveria incentivar a geração de energia a óleo combustível, já que há excedentes no País. Por isso, o governo estadual vai propor um pacto entre os Estados pela mudança de foco na política do gás. A idéia é dar prioridade ao consumo não-térmico, pois a interrupção do fornecimento a indústrias provoca danos à economia. "A área elétrica do governo está tratando a questão de forma burocrática.
Eles dizem para a CEG (distribuidora que atende o Estado do Rio): tira o gás. Mas não entendem que não dá para fazer isso", reclamou o secretário.
Fonte: Tribuna da Imprensa