quarta-feira, novembro 21, 2007

Mais turistas são assaltados na orla do Rio

Quatro ingleses foram assaltados ontem no Rio. Às 7 horas, Craig John Mcglashan e Ian Alan Stuart Mcglashan foram abordados por dois homens nas areias de Copacabana, Zona Sul do Rio. Eles entregaram 10 soles e R$ 65. Banhistas viram o assalto e avisaram policiais, que estavam num quadriciclo.
Eles recuperaram o dinheiro e prenderam um adolescente e Washington Luiz de Souza, de 32 anos. Ele não tem uma perna e foi reconhecido por outros três assaltos a turistas. Por volta das 11 horas, Josian Pradhan e Richard Dean foram roubados por dois homens armados com facas, na Rua do Ouvidor, Centro do Rio. Eles entregaram celular, câmera digital e R$ 900.
Italiano
A polícia tem três suspeitos do roubo ao italiano Graziano Massari, pai do turista Giorgio Massari, que tentou perseguir o assaltante e morreu atropelado segunda-feira à tarde, na Praia de Ipanema, também na Zona Sul. Dois dos suspeitos são irmãos e estão em liberdade condicional por assalto a turistas.
"Chegamos a esses suspeitos pela descrição feita pelas vítimas. Estamos analisando as imagens feitas pelo circuito de segurança dos prédios e hotéis das redondezas para ver se algum desses suspeitos foi filmado circulando por ali", afirmou Daniel Mair, delegado substituto da Delegacia de Atendimento ao Turista (Deat), que estava de férias e voltou para auxiliar nas investigações. Os pais de Giorgio, Graziano e Suad, passaram o dia no hotel Everest, onde estão hospedados, sob acompanhamento médico. Receberam a visita de Ibraim Chaib, pai da noiva do filho mais velho, Victor Morassi.
A família veio ao Brasil para o casamento de Victor e Maria Vilma, que estava marcado para o próximo sábado, em Carmo de Minas. A cerimônia foi adiada. "Eles estão muito abalados. Alternam momentos em que percebem que o que houve foi uma tragédia, com a revolta contra a violência no Rio", comentou Chaib.
Segundo ele, o casal Morassi ainda não decidiu se cremará o corpo de Giorgio ou se o rapaz será enterrado na Itália ou nos Estados Unidos, onde a família vive há muitos anos. O casal, que está sendo mantido sedado, recebeu a visita ainda de dois padres.
"Eles têm muitos por quês. A grande dor é que a morte ocorreu de forma banal. Imagine o que é vir ao Brasil para o casamento de um filho e voltar para o enterro de outro", comentou o padre Ramon Nascimento, da Paróquia Nossa Senhora da Paz, em Ipanema.
Mais assaltos
A Secretaria estadual de Segurança destacou uma equipe da Polícia Militar para permanecer o tempo todo em frente ao hotel, a fim de evitar que os parentes de Giorgio sofram algum tipo de represália do assaltante. Ontem, o inglês Paul Harrison, de 45 anos, se aproximou dos PMs e pediu ajuda para registrar uma ocorrência - em três dias, ele foi roubado duas vezes.
No sábado à noite, ele descia de um táxi em frente à boate Help, quando um adolescente arrancou-lhe o cordão do pescoço. Na tarde de segunda-feira, foi cercado por ambulantes na Praia do Leme e, quando percebeu, um dos vendedores havia levado sua câmera digital.
"Agora estou com um pouco de medo de ficar no Rio. É a primeira vez que venho e acontece tudo isso", disse Harrison, que é treinador da seleção paraolímpica de futebol. "Estivemos em competições por duas semanas. O time voltou e eu fiquei para três dias de férias", contou Harrison, que não conseguiu ajuda dos policiais. Eles não falavam inglês e mandaram que o treinador procurasse os repórteres que estavam de plantão em frente ao hotel. Hóspedes do Everest se surpreenderam com a movimentação de policiais e da imprensa. Alguns não sabiam da morte de Giorgio.
"Não tenho medo de andar no Rio", comentou o argentino Pablo Landa, de 38 anos, ao ser informado do assalto e atropelamento do turista italiano. "Todos dizem que é preciso ter cuidado, não andar com jóias, vestir-se normalmente, não caminhar à noite. Se fizermos isso, não vai acontecer nada".
Por sua vez, o sueco Svante Strandberg, que veio "muitas vezes" ao Rio, disse que foi alertado sobre a polícia corrupta. "Não se pode confiar (na polícia)", comentou. Ele contou que passeava com a mulher e o filho, quando viu o corpo de Giorgio estirado no asfalto, logo depois do atropelamento.
Fonte: Tribuna da Imprensa