quarta-feira, novembro 28, 2007

Estudo aponta dez passos para diminuir risco de câncer

Além de proteger contra infecções, desenvolver o sistema imunológico e fortalecer o vínculo entre mãe e filho, a amamentação tem um importante e pouco conhecido benefício: prevenir o câncer. Esta é uma das conclusões de um painel de 22 especialistas de cinco continentes que, durante cinco anos, revisaram sete mil estudos e escreveram uma lista com 10 recomendações que reduzem o risco de desenvolver a doença, que já é a segunda causa de mortalidade no Brasil.
"A amamentação reduz o risco de obesidade, que é fator de risco principal para os tumores do trato digestivo e secundário para a maioria dos tipos de câncer", disse o diretor-geral do Fundo Mundial de Pesquisa do Câncer (WCRF), Geoffrey Cannon, que lançou ontem, no Congresso Internacional de Controle de Câncer, a tradução brasileira do relatório. "É necessário enfatizar que não existe nenhum outro estudo global com bases científicas tão fortes", afirmou ele.
Embora já houvesse evidências de que a amamentação reduz o risco de a mãe desenvolver câncer de mama, Cannon lembrou que esta é a primeira vez que é relacionada à prevenção do câncer na vida adulta do bebê. Segundo Cannon, o objetivo do estudo era chegar às recomendações, que servem de metas para a saúde pública e orientação pessoal para a adoção de hábitos mais saudáveis. O câncer é uma doença de genes vulneráveis à mutação, especialmente durante o longo período da vida humana.
As projeções indicam que as taxas de câncer, em geral, tendem a aumentar. No Brasil, segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), serão quase um milhão de casos nos próximos dois anos - 466 mil a cada ano.
Fatores ambientais
As evidências mostram que apenas uma pequena parcela dos cânceres é herdada. Os fatores ambientais são mais importantes. Uso de tabaco, exposição ao sol ou a produtos químicos, agentes infecciosos e medicamentos são aspectos importantes, assim como a adoção de hábitos saudáveis de alimentação, atividade física e controle do peso.
Nenhum estudo isolado prova que um determinado alimento pode provocar ou evitar câncer, mas o relatório divulgado nesta terça-feira mostra que a adoção de alguns hábitos pode prevenir o surgimento de tumores, ou então, provocá-lo, afirma o relatório.
Entre os alimentos mais prejudiciais, está o consumo de sal ou açúcar em excesso, e de alimentos processados (conservados com nitratos e nitritos, defumados ou curados). Essas substâncias agem no organismo provocando inflamações que aumentam a absorção de substâncias cancerígenas. Por outro lado, o consumo de pelo menos 600 gramas de verduras e frutas é um fator de proteção, porque esses alimentos possuem uma grande quantidade de fitoquímicos, compostos que dão cores a essas comidas e inibem o desenvolvimento de tumores.
Herança portuguesa
Cannon sugere que os brasileiros voltem a se alimentar de acordo com a tradição indígena e africana. Segundo ele, graças à herança portuguesa, o consumo per capita de sal no Brasil é um dos maiores no mundo. "A classe média brasileira também se espelha muito nos Estados Unidos, que, em termos de nutrição, não são exemplo para ninguém. Eles têm um alto índice de obesidade e baixa expectativa de vida. Os brasileiro estão copiando esses hábitos", disse ele.
A nutricionista Sueli Couto, da Coordenadoria de Prevenção e Vigilância do Inca, que resumiu o relatório para a tradução brasileira, disse que o documento será utilizado pelo Ministério da Saúde em campanhas de promoção da saúde. O conjunto das recomendações, que inclui manter-se o mais magro possível, praticar atividades físicas, comer frutas e verduras, limitar o consumo de carne vermelha, sal, refrigerantes e bebidas alcoólicas, também previne outras doenças crônicas como diabetes e hipertensão, disse ela.
Fonte: Tribuna da Imprensa