sábado, novembro 10, 2007

Conselho de Ética quer favorecer Renan

Movimento visa a unir processos que tramitam contra senador para que sejam votados em uma mesma sessão
BRASÍLIA - O presidente do Conselho de Ética do Senado, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), admitiu ontem a existência de um movimento para que os três processos que tramitam contra o presidente licenciado da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), sejam votados em uma mesma sessão, até o dia 22 deste mês. "Estamos com pressa de acabar com tudo isso. Há essa idéia de juntar tudo", afirmou.

A solução aceleraria a sucessão de Renan, processo que interessa ao PMDB, uma vez que o cargo hoje está ocupado por um interino do PT, Tião Viana (AC). O presidente licenciado do Senado também se beneficiaria, segundo senadores aliados, porque uma eventual absolvição ocorreria às vésperas do recesso parlamentar, que começa nas festas de fim de ano e vai até início de fevereiro.

Ou seja, com o Congresso parado, a repercussão seria menor e o Senado não iria reverberar críticas da opinião pública. Os processos contra ele só irão a plenário se um dos relatores recomendar sua cassação e a tese for aprovada pelo Conselho.

Dos três processos em tramitação, o mais adiantado é o que trata da suposta compra de duas rádios e um jornal em Alagoas por meio de laranjas. O negócio teria sido feito por Renan em sociedade com o ex-deputado e usineiro João Lyra. O relator do caso, Jefferson Péres (PDT-AM), disse que tem como concluir o parecer até quarta-feira.

Relator que trata da investigação da suposta atuação de Renan em benefício da cervejaria Schincariol, o petista João Pedro (PT-AM) está à espera de informações do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para concluir seu parecer, o que também deve ocorrer na próxima semana. "Os processos estão caminhando bem e em sua fase final", disse Quintanilha ontem por telefone.

Segundo ele, se o relator do caso da suposta coleta de propina em ministérios chefiados pelo PMDB, Almeida Lima (PMDB-SE), fechar seu parecer, será possível votar tudo ao mesmo tempo. Almeida Lima não se comprometeu com data, mas afirmou que deve concluir o relatório "rapidamente".

Ele está à espera da defesa de Renan, que já foi notificado, para finalizar seu parecer. Adiantou, porém, que vai pedir o arquivamento do processo. "O processo já poderia até ter tido relatório. A questão é de ausência de fatos que impliquem quebra de decoro parlamentar. Não é que não existam provas, é algo anterior a isso. Não há fato", afirmou.

Espionagem
Além dessas três investigações, Renan é alvo de outro processo, em que é acusado de espionar senadores de Goiás para constrangê-los a votar em seu favor. A representação, porém, não tem ainda relator definido. Ontem, o líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO), afirmou que com a possibilidade dos processos contra Renan serem concluídos até o dia 22, a sucessão na Casa poderá ser deflagrada ainda neste ano.

O PMDB já dá como certa a decisão de Renan de abrir mão em definitivo do cargo. Raupp disse acreditar que a votação dos processos "vai abrir caminho" para a sucessão. "Se puder resolver isso até o dia 22, será muito bom para todos. Pelo menos já resolve o problema da sucessão, se é que o senador Renan vai se afastar definitivamente da presidência".O líder reiterou que o novo presidente do Senado sairá da bancada do PMDB, que detém a maior bancada na Casa.
Fonte: Tribuna da Imprensa