Por Nelson Rocha
TRIBUNA DA BAHIA Notícias
O Banco Sofisa, com presença em São Paulo, Rio de Janeiro e Campinas, com uma carteira de crédito de R$ 2,2 bilhões no terceiro trimestre do ano, lançou no início do mês a linha de crédito de 99 meses, quase nove anos com juros de 0,89% ao mês ou 11,21% ao ano. A taxa é inferior à Selic, a taxa básica de juros, que está em 11,25% ao ano. Isso permitiu que uma fatia expressiva da população de menor renda comprasse pela primeira vez um carro novo. Pesquisa da MSantos com 2,3 mil clientes em seis feirões de veículos revela que 43% dos compradores estavam adquirindo um carro zero pela primeira vez. Em 2006, a participação desse tipo de cliente não passava de 20%. Um estudo da LatinPanel, empresa de pesquisa de consumo da América Latina, mostra que as famílias da classe C, com renda média mensal de R$ 1.384, ampliaram neste ano em 11% o gasto médio com financiamento de veículos em relação a 2006. A variação supera a registrada no período para a média da população, que foi de 8%. Os planos de pagamento de longo prazo já preocupam os próprios executivos das montadoras de veículos. Em recente entrevista a imprensa, Ray Young, que deixou a presidência da GM do Brasil no começo do mês, disse que o crédito farto para o financiamento de veículos pode provocar uma crise financeira semelhante à que ocorre no mercado imobiliário de hipotecas de alto risco nos EUA (subprime). “Esse pode ser o nosso subprime”, afirmou. Essa preocupação também é compartilhada pelo seu sucessor, o colombiano Jaime Ardilla. Para o presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Monta-doras (Anef), Luiz Montenegro, “cabe o alerta”. Mas ele pondera que as condições atuais não configuram um cenário semelhante ao americano. Ele destaca que o crescimento do emprego e da renda sustenta esse mercado, os bancos fazem uma análise criteriosa para aprovar o crédito e as camadas de menor renda pagam em dia, porque precisam ter o nome limpo. “Estamos muito longe da crise do subprime”, afirma o presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Érico Sodré Quirino Ferreira. Ele diz que o consumidor americano tem um endividamento que supera a sua renda, o que não ocorre aqui. Prova disso é que não houve aumento da inadim-plência, observa. Dados do Banco Central mostram que o atraso acima de 90 dias das prestações de veículos encerrou setembro em 3,3% dos créditos a receber. Desde o começo do ano, esse indicador tem se mantido. No período de 12 meses terminado em setembro, o recuo é de 0,2 ponto porcentual. Pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) aponta que, em outubro, o prazo máximo, de 84 meses, foi alongado em 12 meses ante outubro de 2006. “Não acredito que os financiamentos de automóveis serão o nosso subprime”, afirma o vice-presidente da Anefac, Miguel Ribeiro de Oliveira. “O volume de empréstimos para compra de veículos ainda é muito baixo.”
Lula promete projeto de reforma tributária
Em meio às negociações para tentar aprovar a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) até 2011, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva renovou ontem, durante encontro com empresários em Blumenau, a promessa de enviar ao Congresso Nacional, até o dia 30 deste mês, uma nova proposta de reforma tributária. Mas fez um alerta: não será apresentado um projeto “ideal”, mas o “factível e possível” diante das necessidades da União, dos governadores e dos prefeitos.O Palácio do Planalto espera que o efeito colateral da promessa repercuta positivamente no Senado, que pode começar a decidir o futuro do imposto do cheque no início de dezembro. “Vamos ver se a gente consegue ter, se não uma carga tributária ideal, uma que seja factível e possível com as necessidades de governadores, prefeitos e governo federal”, afirmou o presidente, na abertura do 25º Encontro Empresarial Brasil-Alemanha. Ao encerrar o discurso, o presidente tratou das negociações comerciais, na Rodada de Doha, e concluiu: “Existe uma disputa comercial que não é leal, e ela está se espalhando pelo mundo.”
Fonte: Tribuna da Bahia