quinta-feira, novembro 22, 2007

Abuso em cela afasta policiais

Belém. A direção da Polícia Civil do Pará afastou os delegados envolvidos na prisão de uma garota que permaneceu quase um mês detida em uma cela com 20 homens no município de Abaetetuba, na região metropolitana de Belém. O Ministério Público instaurou procedimento criminal para averiguar o caso. Presa em flagrante por furto, a jovem alega ter sofrido abuso sexual no período em que permaneceu detida.
Foram afastados, por período indeterminado, a delegada plantonista responsável pelo flagrante, Flávia Verônica, o delegado titular da Delegacia de Polícia de Abaetetuba, Celso Viana, e o superintendente da Polícia Civil na região, Fernando Cunha. Além de exame de corpo de delito, a jovem terá de passar por identificação no Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, segundo o promotor Lauro Freitas Júnior. Isso ocorre pois o verdadeiro nome da garota e sua data de nascimento permanecem uma incógnita. Ao ser presa, ela teria apresentado uma certidão de nascimento com data de dezembro de 1987 e, portanto, teria 20 anos. Ela seria autora de outros três furtos. Um outro documento consta um nome diferente. Nele, a jovem teria nascido em dezembro de 1991, e portanto, teria 15 anos.
- Esse fato não atenua em nada o que ocorreu. Iremos analisar o motivo pelo qual houve esse desencontro de identificação e indicar os responsáveis - afirmou Freitas Júnior.
O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, classificou o caso da menina como uma demonstração de descaso, desrespeito e despreparo de várias autoridades em relação ao sistema prisional. Britto espera que a conclusão desse afastamento se torne punição definitiva.
O presidente da OAB acrescentou que a discussão sobre a idade da adolescente não justifica uma decisão dessa gravidade. Para ele, ninguém poderia autorizar a prisão de uma mulher com 20 homens, por vários dias.
Fonte: JB Online