BRASÍLIA - Está a cada dia mais difícil a situação política do presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL). Além dos adversários no Senado, Renan também terá de enfrentar, agora, a resistência da oposição e da cúpula do PMDB na Câmara, sem falar nos diretórios regionais de seu próprio partido em diversos estados.
Todos programam manifestações de protesto contra ele nos próximos dias, por conta da destituição de seus dois principais opositores na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Os senadores Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e Pedro Simon (PMDB-RS) foram afastados da CCJ na sexta-feira, pelo líder peemedebista no Senado, Valdir Raupp (RO), numa operação comandada por Renan.
Se a decisão não for revista, o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), levará a questão ao Conselho Nacional do partido nos próximos dias. Na noite de amanhã, Jarbas e Simon serão homenageados com um jantar de desagravo organizado pela chamada "terceira via" da Câmara, composta por parlamentares da oposição que têm atuação independente.
O encontro será realizado na casa do deputado José Aníbal, do PSDB de São Paulo. A reunião do conselho do PMDB foi convocada para tratar das eleições municipais do ano que vem, mas Temer admite que o caso Renan estará no centro dos debates.
Até agora, o presidente do Senado vinha contando com o apoio da direção nacional do PMDB. A cúpula do partido na Câmara se sentia à vontade porque a avaliação geral era de que a crise não atingia a imagem do partido. Não é o que pensa Temer agora.
Tanto que as cobranças pessoais a Renan já começaram. Embora o presidente do Senado insistisse que a decisão foi do líder, atendendo a pedido da bancada de senadores, Temer protestou. "Não tem cabimento vocês fazerem uma coisa dessas. É inadmissível que os dois senadores sejam afastados desta maneira", disse Temer a Renan.
"Isto desvaloriza o PMDB", avalia o deputado, ao destacar que Jarbas e Simon são "peemedebistas históricos que sempre nos engrandeceram". Temer está convencido de que, "uma coisa é o problema do presidente Renan no Senado, onde Renan fará sua defesa e apresentará suas razões. Outra coisa são atitudes que podem comprometer a imagem do PMDB".
Um dirigente nacional do PMDB informa que Temer está incentivando o diretório paulista, dirigido por Orestes Quércia, a fazer uma manifestação pública da regional protestando contra o afastamento da dupla de senadores.
Quércia telefonou no fim de semana a Jarbas e Simon, para prestar solidariedade e dizer que o PMDB de São Paulo se reúne amanhã para um protesto oficial e o pedido de revisão do destituição dos históricos do partido. Os senadores Gérson Camata (ES), Mão Santa (PI), Garibaldi Alves (RN), Valter Pereira (MS) e Geraldo Mesquita (AC), todos do PMDB, também se solidarizaram com Jarbas e Simon.
Fonte: Tribuna da Imprensa