Carlos Chagas
BRASÍLIA - Parece de bom gosto, além de necessidade, dar a palavra a quem nos suplanta em raciocínio, profundidade e ironia. A vez, hoje, é para o jurista Saulo Ramos, aquele do "Código da vida", já por nós comentado neste espaço. Em correspondência recente, Saulo dá sinal de continuar no centro do palco ao discorrer sobre o número "11", para ele inquietante.
Começa do geral para depois chegar ao particular, à maneira de Aristóteles. Indaga: "Já repararam que New York City, Afeganistão, The Pentagon e George W. Bush têm, cada um, 11 letras? Até aqui meras casualidades forçadas ou coincidências, mas o interessante começa em seguida:
Nova York é o estado número 11 dos Estados Unidos. O primeiro vôo que bateu contra as Torres Gêmeas era o número 11. Esse vôo levava a bordo 92 passageiros; somando os numerais dá 9 + 2 = 11. A tragédia teve lugar a 11 de setembro, 11 do mês 9, que somando os numerais dá 1 + 1 + 9 = 11."
E agora, continua Saulo Ramos, o inquietante:
"As vítimas totais que faleceram nos aviões são 254: 2 + 5 + 4 = 11. A partir de 11 de setembro sobram 111 dias até o fim do ano. Nostradamus (11 letras) profetiza a destruição de Nova York na centúria número 11 de seus versos. O mais chocante de tudo é que, se pensarmos nas Torres Gêmeas, damo-nos a conta de que tinham a forma de um gigantesco número 11. E como se não bastasse, o atentado de Madri aconteceu no dia 11.03.2004, que somando os numerais dá 1 + 1 + 0 + 3 + 2 + 0 + 0 + 4 = 11. Intrigante, não acham?
E se esqueceram que o atentado de Madri aconteceu 911 dias depois do de Nova York, que somando os numerais dá 9 + 1 + 1 = 11." Conclui o ex-ministro da Justiça do governo José Sarney: "E agora, o mais arrepiante: Corinthians tem 11 letras, tem 11 jogadores (será?...) e sua fundação foi em 1910, que somando os numerais dá 1 + 9 + 1 + 0 = 11. Conclusão de tudo: Bin Laden é corintiano." Seria bom o leitor não esquecer de que hoje é dia 11 de outubro...
Nem urgentes nem relevantes
As medidas provisórias, pela Constituição, deveriam restringir-se a assuntos de urgência e relevância. Claro que não tem sido assim, desde o governo José Sarney, com ênfase para os sucessores Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso e, agora, Luiz Inácio Lula da Silva. Escapou apenas Itamar Franco.
Para demonstrar que nem relevância nem urgência entram nas preocupações dos atuais detentores do poder, mas apenas comodismo, registre-se que quando a vaca quase ia para o brejo, na primeira votação da CPMF na Câmara, o governo retirou duas medidas provisórias, comprovação de que eram supérfluas.
A mesma coisa acontece na segunda votação, desta semana, quando o Palácio do Planalto desfigurou duas medidas provisórias, retirando-lhes o conteúdo, simplesmente para não atrapalharem a decisão dos deputados ao aprovar iniciativa, essa sim, extremamente urgente e relevante para o presidente Lula. Para nós, nem tanto.
Numa hora em que o Congresso, posto em frangalhos, imagina como dar a volta por cima, seria bom que a Câmara seguisse o exemplo do Senado e votasse ainda este ano projeto que restringe o uso das medidas provisórias. Pelo jeito, falta coragem. Ou seria melhor esperar, primeiro, a concretização das promessas de nomeações e liberações de verbas?
Na pole position
Dificilmente o partido que a encomendou autorizará a divulgação de recente pesquisa efetuada a respeito da Prefeitura de São Paulo. Porque na espontânea, sem a indicação de nomes, deu Clodovil Hernandez na cabeça. Com todo o respeito aos pronunciamentos populares e, mais ainda, ao parlamentar, importa prospectar o porquê desse resultado, e a resposta só pode ser uma: o descrédito dos eleitores nos chamados políticos ortodoxos.
Clodovil surge como um símbolo do repúdio e do protesto, como já terá sido ao eleger-se deputado federal com mais de 500 mil votos. Quanto a imaginar o que faria na prefeitura paulistana, é tema em aberto. Pode ser tudo, até iniciativas de ampla repercussão junto aos desempregados.
Desalento
Entre os caciques do DEM registra-se amplo desalento. Do presidente Rodrigo Maia aos líderes no Senado e na Câmara, o que mais se ouve é que, de novo, estarão todos condenados a seguir a reboque dos tucanos. Não apareceu, até agora, um nome de expressão capaz de posicionar-se como pré-candidato às eleições presidenciais de 2010. Do prefeito César Maia ao governador José Roberto Arruda, não vai dar.
Diante desse vazio, foi dada ao ex-senador e ex-presidente do partido, Jorge Bornhausen, missão quase impossível: percorrer os diretórios estaduais e mobilizar as bancadas no Congresso para o aparecimento, até o final do ano, de uma alternativa que não seja o engajamento, mais uma vez, na candidatura que o PSDB apresentar.
Fonte: Tribuna da Imprensa