▼
terça-feira, outubro 30, 2007
FECHAR A TV JUSTIÇA
Paulo Henrique Amorim
Máximas e Mínimas 714
. Um Ministro do Supremo disse a um amigo meu: “Eu já fui do Executivo, do Judiciário e agora sou do Legislativo”.
. O Supremo Tribunal Federal se aproveitou de uma causa justa – e popular –, a fidelidade partidária, para passar o trator sobre o Legislativo.
. E vendeu a “ideologia” de que, se o Legislativo não legisla, legisla o Supremo.
. Isso é pura ideologia: não tem nada a ver com a Lei.
. Os ministros do Supremo não foram eleitos, não têm mandato e não devem satisfação a ninguém.
. Soltam o Salvatore Cacciola e quem quiser reclamar que vá a Mônaco.
. E não me espantaria se o advogado de Cacciola não contasse, nesse momento, exatamente com isso: fazer chicana, ganhar tempo e esperar que o Supremo solte seu cliente de novo.
. E tem alguém que possa reclamar disso ?
. E o Taj Mahal do Ministro Marco Aurélio de Mello, aquela sede nova do TSE, para emoldurar o ego dele ?
(Clique aqui para ler mais sobre o Taj Mahal do Ministro Mello)
. Tem como reclamar contra a obra, além da batalha, provavelmente inútil, do Ministério Público ?
. O Supremo não tem o monopólio da Lei.
. Como já demonstrou o notável jornalista Mauro Santayana, o Legislativo e o Executivo podem TAMBÉM interpretar a Constituição como acharem melhor.
(Leia dois artigos de Santayana no JB sobre a matéria: “Legislativo tem que mandar mais que o Judiciário”; “Jobim quer um exército de ricos”)
. O Supremo não é o default das instituições brasileiras.
. Não serve para entrar no vácuo institucional.
. É uma casa de não-eleitos, que deve, sim, satisfação à sociedade.
. Ainda mais que, como demonstrou o cientista político Fabiano Santos, do IUPERJ, o Supremo se transformou na ponta de lança da oposição ao Governo Lula.
(Clique aqui para ler sobre o papel de oposição que o Supremo passou a desempenhar)
. O Supremo tomou partido, especialmente os ministros do Supremo que trabalham no TSE, sob a liderança luminosa de Mello.
. Lamentavelmente, ninguém no Brasil ousou fazer o que Nestor Kirchner fez na Argentina: mandou embora os ministros de Menem e transformou o Supremo argentino numa casa acima de qualquer inclinação política.
. Por essas e outras, seria uma ótima idéia fechar a TV Justiça.
(http://www.tvjustica.gov.br/)
. A TV Justiça é do Supremo e tem a função de aproximar a Justiça dos cidadãos: aproximar como ?
. Como é que a televisão aproxima alguém dos cidadãos – a mídia mais unilateral, unidirecional ?
. Se eu quiser interpelar o Ministro Mello por conceder liberdade a Salvatore Cacciola, como é que faço: dialogo com o monitor de tevê da minha sala ? Faço umas caretas para ele ?
. Fechar a TV Justiça evitaria que ministros exibicionistas – desses que não podem ver uma repórter ou um holofote de televisão – fizessem apartes desnecessários, ou que se mostrassem para aparecer na TV.
. Por que, em vez de se mostrar para as câmeras, o Supremo não vota processos que há 30 anos dormem lá ?
. Por que o Supremo não faz Justiça, mais rápido ?
. A TV Justiça não serve para nada – só atrapalha.
. É uma boa forma de jogar dinheiro pela janela.
. Transparência ? Melhor aperfeiçoar o site do Supremo.
. É mais útil do que manter aquela tevê.
. A TV Justiça faz parte da “sociedade do espetáculo” (*) e seus ministros, as suas estrelas.
(*) Para mais informações sobre o “a sociedade do espetáculo”, clique aqui).
Em tempo: o Conversa Afiada vai encaminhar – inutilmente – um e-mail à Presidente do Supremo, Ministra Ellen Gracie, com duas perguntas: para que serve a TV Justiça ? Quanto custa ?
Clique aqui para ler "Não Coma Gato por Lebre".
Fonte: Conversa-afiada