BRASÍLIA - Na véspera de seu julgamento, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tentou demonstrar tranqüilidade e assegurou, em rápida conversa com jornalistas, de que renunciar ao cargo ou se licenciar dele não está em seus planos. Ao chegar ao Congresso, pouco antes do meio-dia de ontem, o peemedebista descartou a hipótese, repetindo postura dos últimos dias. "Qualquer coisa que diga respeito a licença ou renúncia não faz parte da minha personalidade", afirmou.
Para o presidente do Senado, qualquer atitude no sentido de abrir mão do cargo seria "um desrespeito ao Brasil e ao Senado brasileiro". Repetindo como mantra sua inocência desde o início da crise, Renan repassou que vem "durante 120 dias com sofrimento e com a exposição da família, lutando para provar a inocência".
E acrescentou: "Por isso, não tem sentido, absolutamente nenhum sentido que agora se faça isso (renúncia ou licença)." O presidente do Senado será julgado hoje por quebra de decoro parlamentar. Renan é acusado de ter suas despesas pessoais pagas, inclusive pensão para a jornalista Monica Veloso (com quem tem uma filha fora do casamento), pelo lobista Claudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior.
A sessão e a votação que vai sacramentar a absolvição ou a cassação de Renan será secreta e está prevista para ter início às 11 horas. Caso renuncie ou peça licença da presidência, o primeiro vice-presidente, Tião Viana (PT-AC), terá cinco sessões para convocar nova eleição. Depois de chegar ao Senado, Renan se trancou em seu gabinete, saindo de lá apenas para presidir a sessão em homenagem ao Círio de Nazaré, no início da tarde.
Fonte: Tribuna da Imprensa