domingo, setembro 30, 2007

Mais de meia tonelada de carne e camarão é apreendida em ‘blitz’

Operação foi desencadeada em feiras da Liberdade, Cosme de Farias e Itapuã


Mariana Rios
Pouco mais de meia tonelada de carne e camarões clandestinos foi apreendida nas feiras livres do Japão, da Liberdade, de Cosme de Farias e de Itapuã, ontem pela manhã, durante blitz conjunta realizada pelo Ministério Público Estadual (MPE), prefeitura e Polícia Militar (PM). A operação, terceira do ano, foi deflagrada por volta das 5h e pegou de surpresa muitos comerciantes, que já estavam colocando as mercadorias sobre os tabuleiros. Em Cosme de Farias, uma mulher grávida de três meses desmaiou ao ver sua mercadoria ser encharcada de creolina (tipo de desinfetante). Revoltada, outra pequena comerciante, que atua no Núcleo de Abastecimento de Itapuã, jogou querosene sobre os camarões secos apreendidos sem nota fiscal. Depois do susto e da retirada da operação nas ruas, a comercialização clandestina voltou normalmente.
Segundo a promotora de justiça Railda Suzart, que comandou a operação, os comerciantes não tinham notas fiscais que comprovassem a origem do produto – descumprindo as normas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Segundo Railda, os donos das mercadorias clandestinas foram avisados e notificados várias vezes sobre a proibição da venda de produtos sem carimbo dos serviços de inspeção federal ou estadual, alvará da Vigilância Sanitária e refrigeração adequada.
Para a promotora, as ações de fiscalização vêm surtindo efeito, pois houve diminuição progressiva do número de comerciantes de carne clandestina nas feiras, assim como a queda na quantidade apreendida de mercadorias. Há um mês foram enterradas no aterro sanitário do Centro Industrial de Aratu (CIA) quase duas toneladas de carne clandestina, resultado da segunda apreensão do ano em Salvador. Na primeira blitz, foram confiscados 1,3 mil quilos de carne estragada.
“Em Cosme de Farias, tínhamos 22 pequenos comerciantes de carne. Hoje (ontem) encontramos apenas um”, comemorou a promotora. Era George Pinho, 47 anos, que teve um prejuízo de R$2 mil em embutidos e carnes vindos do município de Conceição do Jacuípe e confiscados durante a operação. A esposa do vendedor, Elizete Correia, grávida de três meses, desmaiou quando agentes da Secretaria Municipal de Serviços Públicos (Sesp) esvaziaram a banca, deixando apenas o charque. Pinho afirmou que continuava comercializando o produto porque na última blitz não foi abordado.
Riscos - Segundo a fiscal da Vigilância Sanitária, Fátima Silvana Barreto, mesmo a carne salgada apresenta riscos para o consumo. “Existem técnicas específicas para o processo. Do jeito que está aqui, sem inspeção, tudo foi feito sem controle. O problema está, na verdade, na origem desses produtos, que é desconhecida”, explicou.
Na Liberdade, teve comerciante que baixou a porta do estabelecimento para escapar da batida. Contudo, alguns, como o comerciante Aureliano de Menezes, 83 anos, não tiveram a mesma malícia, Ele viu 65kg de carne de porco serem confiscados. Os animais, afirmou Menezes, foram abatidos em sua casa, no bairro de San Martin, contrariando as normas sanitárias. “O abate deve ser feito em abatedouro, dentro de uma série de condicionantes higiênicos”, ponderou Fátima. Os 566kg de camarão, carne e vísceras foram enterrados no aterro sanitário do Centro Industrial de Aratu (CIA).
Fonte: Correio da Bahia