sexta-feira, setembro 21, 2007

CNBB: absolvição é desrespeito à República

BRASÍLIA - O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), d. Geraldo Lyra Rocha, classificou o sistema de voto secreto no Congresso, que permitiu a absolvição do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) na semana passada, como "abuso ao regime democrático, um desrespeito ao sistema republicano".
As afirmações de Lyra Rocha foram feitas ao comentar as razões que levaram a CNBB a integrar o movimento para acabar com essa forma de votação. Para o vice-presidente da CNBB, Luiz Soares Vieira, todo senador tem direito de votar de acordo com sua consciência e não merece pressões injustas.
"Mas o voto secreto não poder ser uma maneira de esconder a covardia", completou. Soares Vieira disse estar convicto de que todos têm direito de saber como votaram os políticos e estes têm de prestar contas de seus atos. "Voto secreto é estranho à democracia. Seria um avanço o fim desse sistema" disse ele ontem, um dia depois da aprovação, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), de projeto de lei que termina com essa forma de votação.
Embora aprovado, analistas acham que dificilmente o projeto permanecerá intacto até sua avaliação em plenário. O presidente da CNBB defendeu ainda a necessidade de se garantir a punição de culpados por atos de corrupção. "Hoje a impunidade acaba servindo de estímulo para que novas ações de corrupção", completou.
Além das críticas ao voto secreto, a CNBB divulgou um documento em que classifica o segundo mandato do presidente Lula ainda mais fechado ao diálogo de setores sociais descontentes. De acordo com a análise, há uma diferença entre candidato da Frente Popular de 1989 e o atual presidente da República que repercute nas suas relações com a sociedade.
"Não defendemos um regime democrático de mera formalidade. Queremos uma democracia efetivamente participativa", disse d. Lyra Rocha. O presidente da CNBB afirmou ser preciso que população continue organizada e se manifestando, por meio dos movimentos. "Só assim garantiremos a democracia autêntica e o exercício pleno de cidadania."
Fonte: Tribuna da Imprensa