terça-feira, setembro 11, 2007

Amanhã, a primeira tentativa de cassar Renan


Por: Helio Fernandes




Absolvido, virão outras; cassado, fim da angústia


Amanhã, depois de três meses de confusão, baixaria, desprestígio, desgaste do governo e da oposição, um homem tido e havido como dos mais poderosos do sistema, Renan Calheiros, enfrenta o plenário do Senado e o Tribunal da Opinião Pública. Foi um período praticamente indecifrável, indefinível, intransponível, será também irrecorrível para o presidente do Senado.
Não existe uma só pessoa, parlamentar, jornalista ou analista respeitado e bem informado, que possa fazer um cálculo exato ou aproximado da realidade. O que se pode dizer com segurança: CONDENADO, Renan está fora do jogo político, ou vá lá, eleitoral. ABSOLVIDO, continua o tormento de Renan. Existem mais três denúncias contra ele, que percorrerão o mesmo caminho: Conselho de Ética-Comissão de Constituição e Justiça-Plenário.
Nesses três meses aconteceu de tudo no Senado, com repercussão total na opinião pública. Renan chega amanhã ao julgamento do plenário, tendo perdido no Conselho de Ética por 11 a 4 e na Comissão de Constituição e Justiça, por 20 a 1. Esse voto foi do suplente estabanado, Wellington Salgado, um fracasso permanente, ambulante e evidente.
Esse voto do suplente impertinente, imprudente e inconveniente, foi redigido pelo brilhante advogado, Eduardo Ferrão. Apesar de Nelson Jobim fingir que é seu colega de escritório, Ferrão é altamente competente. Não podia salvar Renan, mesmo que comandasse o Exército da Salvação. Como disse antes, Renan "não vence, mesmo tendo a impressão de que venceu".
Eduardo Ferrão e o próprio Renan foram prejudicados pela visita de Jobim ao presidente do Senado. Tido como companheiro de escritório de advogado e sendo ministro de Lula, era compreensível que interpretassem a visita como missão, era apenas exibição.
A posição de Lula não consegue ser interpretada por ninguém. Recebeu Renan duas vezes, quando o constrangimento e a repulsa a Renan não eram tão grandes. Mas em conversas a partir da ida à reunião do PT-PT, Lula começou a se afastar da disputa. Não defendia mais o ex-amigo.
Na última semana, Lula começou a insinuar que Renan poderia se afastar da presidência do Senado. Essa insinuação geralmente chegava com a promessa de que fora da presidência, Renan poderia ser ajudado pela "base partidária". Só que Renan, que pode ser tudo menos burro, compreendeu há muito: se pedir licença da presidência, não volta mais.
Renan sofreu intimidação de todos os lados, e não presidiu uma sessão do Congresso com medo de vaia e protesto generalizado. Também não compareceu à Parada de Sete de Setembro, (comemoração da Independência que nunca tivemos) por um motivo fundamental. Recebeu recomendação "bem do alto, que se fosse, o constrangimento seria total". Considerou a altura do aviso, não foi.
Não havia medo de vaia, o público fica tão longe que não vê ninguém. Mas os que ficam e ficariam perto, bem ao lado, não teriam como esconder o olhar de reprovação.
Surpreendentemente, inesperadamente, quem continuou a trabalhar a favor de Renan, foi o ex-ministro, José Dirceu. O réu do Supremo estaria apoiando o réu do Senado, para exibir solidariedade.
O fim de semana foi de "casa cheia" na residência de Renan. "Casa cheia" mas nem sucesso de público nem de crítica.
No momento em que escrevo, 6 horas da tarde, as expectativas.
1 - Devem comparecer os 81 senadores, nenhum impedimento.
2 - Por enquanto, Renan teria 44 votos e a oposição a ele, 37.
3 - Nenhuma segurança, o voto secreto não permite análise autêntica.
4 - Estou revelando o resumo do que conversei durante horas, mas pode sair tudo diferente.
PS - A sessão secreta é uma afronta e um escárnio à opinião pública. Mas não é o que decidirá esse PRIMEIRO JULGAMENTO.
PS 2 - O que realmente influi, interfere e influencia é o VOTO SECRETO.