quinta-feira, agosto 30, 2007

Lula muda cúpula da Polícia Federal

BRASÍLIA - O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Paulo Lacerda, assumirá a direção-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Para o lugar de Lacerda, na PF, irá o secretário nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Luiz Fernando Corrêa. O diretor-geral da Abin, Márcio Buzzanelli, foi comunicado de que está fora pelo chefe do Gabinete da Segurança Institucional (GSI), general Jorge Armando Félix.
As mudanças nas cúpulas da PF e da Abin foram decididas ontem à noite pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em reunião com o ministro da Justiça, Tarso Genro. Genro defendia a nomeação de Corrêa para a PF. Corrêa é ligado ao PT, foi indicado para a Secretaria Nacional de Segurança Pública pelo ex-deputado José Dirceu (PT-SP) e tem apoio das bases corporativas da PF. Mas não conta com o apoio da maioria dos delegados. Para o lugar de Corrêa, é cotado o nome do secretário nacional de Justiça, Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ); e, para esta secretaria, o nome mais forte é o do ex-deputado Sigmaringa Seixas (PT-DF).
Lacerda, que havia manifestado o desejo de sair da PF, aceitou o cargo que, por toda a vida, sempre disse querer distância. Em várias confidências feitas ao longo da carreira, ele sempre dizia que tudo estava errado na Abin. Por isso, é provável que a Abin seja reformulada.
A saída de Lacerda desencadeará também uma reformulação interna na PF, abrangendo mudança no modo de atuação e alternância do grupo que comandou o órgão nos últimos anos. Ao conversar com Lacerda, Lula agradeceu a atuação da PF nos últimos anos. Ele lembrou-se de que uma recente pesquisa de opinião aponta a PF como o órgão que a sociedade acredita que efetivamente combate a corrupção.
Realizada entre os dias 7 e 9 pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) com 1.400 entrevistados por telefone em todo o País, a pesquisa revela que 69% da população confiam na PF, contra 26% que dizem não confiar. A Polícia Militar ficou com 50% de aprovação, contra 47%, índice pouco melhor que a Polícia Civil, cujo percentual dos que confiam (48%) é quase igual aos dos que não confiam (47%). A Justiça ostentou uma lanterna, com 33% de aprovação, contra 63% dos que disseram não confiar.
No fim do primeiro mandado do presidente, Lacerda anunciou que deixaria o comando da PF junto com o chefe, o então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Mas concordou em ficar mais um ano para apaziguar as disputas internas e coordenar uma sucessão tranqüila, meta que até agora ele não conseguiu. Os dois principais postulantes ao cargo, os delegados Renato da Porciúncula, chefe da inteligência, e Zulmar Pimentel, diretor-executivo, engalfinharam-se na disputa e tornaram-se inviáveis.
No vácuo, Corrêa ganhou espaço. Gaúcho, como o ministro da Justiça, ele fortaleceu-se com a atuação como coordenador da segurança dos 15ºs Jogos Pan-Americanos, realizados no Rio, em julho. Ele teve papel destacado na localização e captura dos dois boxeadores cubanos, Guilhermo Rigondeaux e Erislandy Lara, que desertaram e foram deportados pelo governo do Brasil.
Fonte: Tribuna da Imprensa