Entre eles está o secretário de Segurança Pública da Bahia, Paulo Bezerra, acusado de vazar informações
BRASÍLIA - Por ordem do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a Polícia Federal afastou ontem das funções três delegados dos seus quadros, todos eles alcançados pela Operação Navalha. A medida atingiu o diretor-executivo Zulmar Pimentel, segundo homem da hierarquia da PF; o superintendente na Bahia, Antônio César Nunes; e o atual secretário de Segurança Pública do mesmo estado, Paulo Bezerra, ex-superintendente.
No despacho que determina a punição, a ministra Eliana Calmon, do STJ, informa que os três são suspeitos de vazamento de informações sigilosas da operação e responderão a inquérito criminal na 2ª Vara da Justiça Federal da Bahia. O afastamento deve durar 60 dias para que eles não interfiram nas investigações. Acostumada a liderar as grandes operações, a PF reagiu mal ao abalo e entrou em crise.
O diretor geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, mandou abrir sindicância administrativa, que pode resultar até na demissão dos três a bem do serviço público. Nunes e Bezerra são investigados em inquérito sobre o envolvimento de policiais com uma quadrilha de empresários baianos especializada em fraudes de licitações de obras públicas. Pimentel teria alertado um acusado de que ele era alvo de investigação e seria afastado.
A investigação contra policiais começou em 2005, com a Operação Octopus. O inquérito chegou ao STJ em junho de 2006, dando origem à Operação Navalha, com a constatação de que autoridades com direito a foro especial estariam envolvidas com a quadrilha. Nunes ficou conhecido como o delegado que conduziu o inquérito contra o ex-chefe da Assessoria Parlamentar da Presidência Waldomiro Diniz, que até hoje não foi concluído.
Procurado, ele incumbiu a assessoria da PF de responder por ele. De acordo com a corporação, ele negou a acusação e entregou um notebook em cuja memória, acredita, estaria a prova da sua inocência. Bezerra, por sua vez, avisou, por meio da assessoria, que não comentaria o caso porque já está afastado da Polícia Federal desde que assumiu a secretaria de Segurança Pública do governo Jaques Wagner (PT), em janeiro. Pimentel explicou que foi ao Ceará, em missão oficial, para avisar ao superintendente da PF local, João Batista Paiva Santana, que ele estava afastado do cargo.
Antes mesmo da conclusão da sindicância sobre o caso, Paulo Lacerda confirmou a versão e informou que Pimentel não cometeu irregularidade, pois teria ido ao Ceará como emissário seu.
O diretor-executivo estava ontem no Amazonas, onde foi se reunir com delegados e acompanhar o lançamento de mais uma operação da PF, para prender servidores da Receita acusados de corrupção. A Operação Hiena é uma referência ao animal que mais compete com o leão, símbolo da Receita. Um dos policiais mais importantes da PF, candidato à sucessão de Lacerda, Pimentel costuma dar nomes, geralmente bíblicos ou bizarros, às megaoperações. O delegado acredita que o envolvimento do seu nome parta dos seus adversários na disputa sucessória
Fonte: Correio da Bahia
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