BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, em sua primeira coletiva no segundo mandato, que muitos oposicionistas e críticos "vão ter que engolir" o que disseram sobre seu governo. Ao responder a uma pergunta sobre fato de ter nomeado para os cargos de ministros da Integração Nacional e de Ações de Longo Prazo, respectivamente, o deputado Geddel Vieira Lima (PMDB) e o professor de Harvard Mangabeira Unger, que sempre o criticaram, Lula afirmou que o passado não pode ser uma "espada" que impeça as pessoas de evoluírem.
"Muito gente vai ter de engolir o que disse do governo. Com muita tranqüilidade: nada como o passar de algum tempo para as coisas irem se acertando." Em tom descontraído, o presidente citou, mais uma vez, a expressão "metamorfose ambulante", do roqueiro Raul Seixas, para justificar o fato de estar agora se aliando a antigos adversários. "Temos que ser uma metamorfose ambulante, nos aprimorando sempre."
Lula disse que, apesar das mudanças, mantém as mesmas posições do passado: "Eu continuo o mesmo Lula de 2003." Em referência à escolha do peemedebista Geddel para ser ministro, ele disse que toda aliança política tem um preço e que queria o PMDB "como um todo" no governo, e não um partido "fracionado". "O presidente não governa com as forças que gostaria, mas com as forças vivas da sociedade e dos partidos políticos."
Lula lembrou das três eleições presidenciais que perdeu com uma diferença de cerca de 15%. "Alguém me convenceu de que não precisava mais fazer discursos para agradar ao PT e aos 30% (do eleitorado) que sempre tive nas eleições. Eu me preparei para os 15% que faltavam."
Constituinte de obras
Sobre Mangabeira Unger, que chegou a pedir seu impeachment e a afirmar que Lula era o presidente mais corrupto da História do Brasil, o presidente disse que o professor de Harvard trabalhará em um projeto para "pensar o País até 2022", ano do bicentenário da Independência. Segundo o presidente da República, o governo apresentará ao Congresso um projeto que chamou de "uma espécie de Constituinte de obras", no qual serão definidos os projetos prioritários para o País.
Na primeira entrevista coletiva do segundo mandato, concedida seis meses depois de ganhar a reeleição, em outubro do ano passado, e ter dito que ia "melhorar a relação com a imprensa" e ter mais conversas com os jornalistas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu uma candidatura única da coalizão governista na disputa presidencial de 2010.
Os partidos aliados se mostraram animados a lançar seus próprios candidatos. "A declaração do presidente coincide com o que eu tenho dito, que é natural uma candidatura da coalizão. Eu luto para que o candidato seja do PMDB e buscarei fazer com que seja a vez do partido. O futuro vai dizer", afirmou o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP).
Fonte: Tribuna da Imprensa
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