terça-feira, maio 01, 2007

Falta de higiene é a maior causa do câncer de pênis

Regiões Norte e Nordeste registram os maiores índices da doença no país


Flávio Costa
A falta de higiene é o principal fator para o surgimento de tumor no pênis, que representa 5,7% das ocorrências de câncer em homens, nas regiões do Norte e Nordeste, enquanto a média nacional é de 2%. Os dados são da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), que aponta a Bahia como um dos cinco estados com maior incidência da enfermidade. Os outros são Maranhão, Ceará, Pernambuco e Pará. Em agosto, a entidade lança a campanha Educação: água e sabão, com a qual espera conscientizar a população masculina da importância dos hábitos higiênicos para prevenir a doença, que pode causar a mutilação parcial ou total do pênis.
Tumor raro, o câncer de pênis tem maior prevalência em homens com idade a partir dos 50 anos e está diretamente ligado às baixas condições socioeconômicas e escolaridade. Estes fatores relacionados à má higiene íntima e à existência da fimose, que ocorre quando a pele do prepúcio que cobre a glande (cabeça do pênis) é estreita ou pouco elástica e impede a exposição e limpeza adequada. Por conta disso, indivíduos que foram circuncidados – judeus, em especial – têm menos chances de desenvolver a doença. Metade dos tumores no pênis se localiza na glande.
“O asseio diário é fundamental na prevenção das inflamações crônicas que podem evoluir para surgimento do tumor”, afirma o urologista do Centro Estadual de Oncologia (Cican) e do Hospital Português, Maurício Urpia Monte. O médico declara ainda que, associado aos fatores de risco, está a falta de acesso dos indivíduos às unidades públicas de saúde. O que explica o fato de a doença atingir, sobretudo, à camada populacional de baixa renda. “Há menos de uma semana atendi no Cican um paciente vindo do interior, cujo tumor comprometia todo o pênis. Ele não tinha acesso a um urologista na cidade onde morava, nem dinheiro para vir à capital”.
Sintoma - A ferida ou a úlcera no pênis que não se cicatriza é sintoma mais recorrente da doença. O chefe do setor de urologia do Hospital Santa Izabel, Eduardo Café, afirma que tão logo apareça uma lesão peniana o indivíduo tem que procurar o médico imediatamente. O acúmulo de esmega (secreção branca) é outro indício que deve ser considerado. Mais da metade dos pacientes demoram mais de um ano para procurar assistência médica após o aparecimento das primeiras lesões, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer. “Um fragmento desta ferida precisa ser levado à biópsia. É essencial que o urologista faça isso”, diz Café.
O principal tratamento para câncer de pênis é a cirurgia que retira parte da área afetada. “Retira-se a área afetada e mais dois centímetros da área como forma de prevenção”. Café declara que normalmente a amputação parcial não impede o indivíduo de manter relações sexuais e que, se diagnosticado em estágio inicial, o câncer de pênis tem altas taxas de cura. Mas a doença pode ser terrivelmente invasiva. “O tumor pode avançar para os gânglios inguinais localizados na virilha e se alastrar pela região do abdômen”. Nos casos mais graves, a amputação total é único jeito de salvar a vida do paciente.
***AUTO-EXAME
Ao fazer o auto-exame do pênis, os homens devem estar atentos aos seguintes aspectos:
Perda de pigmentação ou manchas esbranquiçadasFeridas e caroços no pênis que não desapareceram após tratamento médico, e que apresentem secreções e mau cheiro Tumoração no pênis e/ou na virilha (íngua) Inflamações de longo período com vermelhidão e coceira, principalmente nos portadores de fimose Fonte: Instituto Nacional do Câncer (Inca).
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PREVENÇÃO
Para prevenir o câncer de pênis é necessário uma limpeza diária com água e sabão, principalmente após as relações sexuais e a masturbação. É fundamental ensinar às crianças desde cedo os hábitos de higiene íntima, que devem ser praticados todos os dias. A cirurgia de fimose, que facilita à higienização do órgão, é uma operação simples e rápida, que não necessita de internação. Esta operação, chamada circuncisão, é normalmente realizada na infância. “O mais importante é disseminar massivamente entre a população masculina estas noções básicas de higiene, além da necessidade de procurar o médico quando necessário e fazer o auto-exame”, diz o membro titular da SBU, Ricardo de la Roca. Ele lembra que a prevenção é fundamental para se evitar complicações de uma doença cujas mutilações que acarreta pode prejudicar irreversivelmente a vida sexual e o estado de psicológico de um homem.
Fonte: Correio da Bahia

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