domingo, abril 01, 2007

Henry Sobel é internado por descontrole emocional

SÃO PAULO - Depois de ser preso na Flórida, nos EUA, na semana passada, acusado de furtar gravatas de grife, o rabino Henry Isaac Sobel foi internado na madrugada de ontem no Hospital Israelita Albert Einstein, no Morumbi, Zona Sul de São Paulo. O boletim médico diz que ele foi hospitalizado "devido a episódio de transtorno de humor, representado por descontrole emocional e alterações de comportamento".
Ainda segundo o médico neurologista Flavio Huck, Sobel "estava sob tratamento medicamentoso e, por insônia severa, vinha fazendo uso imoderado de hipnóticos diazepínicos, causadores potenciais de quadros de confusão mental e amnésia". Não há previsão de alta.
Pessoas próximas ao rabino contam que ele fazia uso há mais de um ano de um coquetel de drogas que incluía antidepressivos, diazepan (princípio ativo para tratamento de insônia) e Rohypnol (sedativo nove vezes mais forte que o diazepan e ilegal nos EUA). Seu quadro atual é de depressão moderada.
Segundo o laboratório suíço Roche, que vende no Brasil o Rohypnol e a versão mais popular do diazepan, o Valium, "não há um único caso registrado de que esses medicamentos possam ter causado desvios de conduta em algum paciente".
O advogado Décio Milnitzky, amigo do rabino, esteve ontem à tarde no hospital para visitá-lo. Segundo ele, Sobel está "perplexo e espantado com os acontecimentos e a forma como os fatos têm sido colocados". "Esse episódio não pode prejudicar a imagem e os valores que o rabino sempre defendeu", disse Milnitzky.
O presidente licenciado do rabinato da Congregação Israelita Paulista (CIP) foi preso no dia 23, acusado de furtar quatro gravatas em três lojas de grife (Louis Vuitton, Gucci e Giorgio's) em Palm Beach, na Flórida. Segundo o boletim de ocorrência, o próprio Sobel assumiu ter roubado uma outra gravata na loja Giorgio Armani, mas a empresa ainda não prestou queixa. No total, as peças valem US$ 680.
Sobel estaria usando desde 2006 o tranqüilizante diazepan. O medicamento é indicado para casos de ansiedade, espasmos musculares e insônia. Segundo a bula do medicamento, ele pode causar "sonolência, fadiga e relaxamento muscular".
No caso de abstinência, podem surgir reações mais graves como "alterações de humor, confusão, despersonalização e comportamento inapropriado". Já o Rohypnol também "pode induzir amnésia, principalmente nas primeiras horas após a ingestão do produto". Essa droga é comumente utilizada por bandidos para aplicar o golpe conhecido como "Boa Noite Cinderela".
As bulas avisam que o uso combinado com outros medicamentos, principalmente antidepressivos, potencializa reações adversas. "Remédios como esses podem causar um transtorno mental transitório", diz o psiquiatra forense Guido Palomba. "É um caso de estreitamento da consciência, a pessoa acaba fazendo atos infantis."
Para o psiquiatra Táki Athanássios Cordás, do Hospital das Clínicas, as drogas, se usadas sob orientação médica, não têm efeitos colaterais tão alarmantes. "O Valium por exemplo, se você ingerir e conversar com alguém antes de dormir, é capaz de não lembrar no dia seguinte", diz. "Mas daí a agir sem nenhum controle dos seus atos por causa do medicamento, já é uma coisa bem diferente."
Rabinato
Na noite de quinta, por meio de uma nota, Sobel pediu licença do cargo na CIP e divulgou: "Jamais tive a intenção de furtar qualquer objeto na minha vida. Não posso admitir que tentem desqualificar os valores morais que sempre defendi".
Na CIP, ainda não há uma definição de quem vai ocupar o cargo de presidente do rabinato e até mesmo quem irá receber o papa Bento XVI num encontro no Mosteiro de São Bento, em maio. De acordo com a organização da visita do papa, o convite foi enviado à comunidade judaica, que deve definir o seu representante.
O nome mais comentado é o do rabino Michel Schlesinger, advogado e membro do conselho da CIP. Schlesinger foi o primeiro brasileiro que estudou rabinato no conceituado Instituto Schechter de Estudos Judaicos, em Jerusalém. Seu bar-mitzvá foi realizado pelo rabino Henry Sobel, em 1990.
Fonte: Tribuna da Imprensa

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