sábado, abril 28, 2007

Criptonita neles!

Por: Carlos Chagas

BRASÍLIA - Fantástica foi a descoberta de pesquisadores do Museu de História Natural de Londres: eles confirmaram a existência da criptonita, ou seja, o planeta Cripton existiu e explodiu. O super-homem é real. Até se reproduziu muito. Não vai ser fácil o Brasil conseguir um pedacinho que seja desse precioso metal, mas precisamos tentar.
Quem sabe devamos mandar para a Torre de Londres mais ouro do que aquele lá depositado na forma das jóias da coroa, já que a procedência é a mesma: nós enviávamos para Portugal e Portugal repassava para os ingleses. Talvez valha a pena pedir para ingressarmos no Reino Unido. Ou, no reverso da medalha, vamos incentivar a Argentina a deflagrar nova campanha pelas Malvinas, solidarizando-nos com os portenhos e também declarando guerra à Inglaterra. A primeira iniciativa, quando tomarmos Londres, será trazer a criptonita. Tanto faz, o importante é que possamos dispor dela. Para quê?
Para imobilizar esse monte de super-homens que nos assolam. O primeiro lugar a instalar blocos de criptonita seria no PT. Sem poder se mexer, os companheiros deixariam de ameaçar a liberdade de imprensa, parando de tramar o controle dos meios de comunicação.
Residência do super-homem
Algumas pedrinhas do estranho metal poderiam ser escondidas nas sedes do Superior Tribunal de Justiça e dos Tribunais de Justiça de todos os estados. Sofreriam apenas os envolvidos com a venda de sentenças para bicheiros, perdendo pela imobilidade as regalias que os tem transformado em superjuízes, daqueles capazes de voar, imunes à ação da Polícia Federal.
No Congresso, pitadas de criptonita reduziriam bastante o quorum de deputados e até de senadores, mas, em compensação, ninguém engavetaria mais projetos de importância, nem votaria matérias em troca de mensalões ou sucedâneos. Os supercorruptos deixariam de passear sua impunidade pelos corredores da Câmara e do Senado. Seriam guardados nos porões, paralisados pelo menos até as próximas eleições. Melhor solução para extinguir o narcotráfico não haverá do que espargir criptonita em pó nas periferias das capitais, imobilizando os superbandidos que se julgam senhores do bem e do mal, donos dos morros.
Como contrapartida, por que não endereçar uma caixa criptonítica à Febraban, ou melhor, substituir alguns paralelepípedos da Avenida Paulista pelo miraculoso mineral? Os superbanqueiros beneficiados pelos superlucros não conseguiriam mais acionar seus computadores e mesas de câmbio.
Seria bom também enviar um pacotinho para a bolsa de valores, anulando os superespeculadores. Será preciso fazer um plebiscito, porque a próxima hipótese de utilização da criptonita exigiria um pronunciamento popular: deverá um pedregulho ser instalado no Palácio do Planalto? Afinal, trata-se da residência do super-homem...
Legitimidade para investigar
Ficou para a próxima semana o julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal, do habeas-corpus que definirá se o Ministério Público tem legitimidade para promover investigações criminais. A medida refere-se ao processo contra um policial civil acusado de abordar violentamente motoristas de vans numa cidade do interior de São Paulo. Logo depois o Ministério Público instaurou procedimento de investigação para apurar a possível irregularidade.
A defesa alegou que o Ministério Público não tinha competência para instaurar procedimentos investigatórios criminais. O tema ganhou destaque nacional quando o então procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, apresentou denúncia contra o então deputado federal Remi Trinta, acusado de fraudar o Sistema Único de Saúde. Em sua defesa, o ex-parlamentar alegou o mesmo argumento, de que o Ministério Público não dispunha de competência para investigações de natureza criminal.
Três ministros do STF entenderam que o Ministério Público não pode presidir inquéritos policiais, mas tem o poder constitucional de fazer investigações. Decidiram não ser exclusividade da polícia a atividade. Mas o relator Marco Aurélio Mello votou contra o poder investigatório do Ministério Público, mas, apenas, de requisitar que a autoridade policial investigue. O clima anda tenso, com o Ministério Público e as polícias tentando convencer os demais ministros para suas posições.
Fonte: Tribuna da Imprensa

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