Polícia Civil registrou no Carnaval 959 furtos e roubos na orla contra 379 ocorrências do mesmo tipo no centro
Jairo Costa Júnior
Vinte e três anos depois da passagem do primeiro trio elétrico no circuito Dodô, os cerca de 4,5km que ligam a Barra a Ondina se tornaram o ponto mais violento do Carnaval de Salvador. De acordo com dados fornecidos na noite de anteontem pelo Centro de Documentação e Estatística Policial (Cedep), órgão da Polícia Civil baiana, foram registrados 959 furtos e roubos no corredor da folia situado na orla, contra 379 contabilizados no centro da cidade.
As estatísticas do Cedep sobre outros delitos cometidos nos dois principais pontos do Carnaval de Salvador confirmam a liderança da orla no quesito violência. Das 2.830 pessoas detidas pela polícia durante todo o período da folia, 1.193 estavam entre a Barra e Ondina, e apenas 258, no trecho entre o Campo Grande e a Avenida Sete de Setembro. Das 21 armas brancas apreendidas, 16 foram encontradas em posse de foliões localizados no circuito Dodô.
Outros dados fornecidos pela Polícia Civil apontam uma proximidade grande entre os dois circuitos, sempre com a orla à frente. No caso dos flagrantes lavrados, o Cedep registrou 14 no Barra/Ondina, e 13, no Campo-Grande/Avenida Sete. Em relação às apreensões de armas de fogo, foram quatro contra três, respectivamente. A tônica se repete nas prisões de suspeitos de tráfico de drogas: sete no Dodô e seis no Osmar Macedo.
Apenas em dois tipos de delitos, a orla perdeu para o circuito do Campo Grande/Avenida Sete. Enquanto no Dodô foram registradas quatro tentativas de homicídio, no Osmar foram cinco. Informações obtidas junto à Secretaria Municipal de Saúde (SMS), fundamentadas no balanço de atendimento nos postos de saúde instalados nos corredores da folia, apontam também que as lesões corporais no centro foram mais numerosas que no trecho entre a Barra e Ondina: 51,7% contra 47%, no total de 1.714 pessoas agredidas assistidas pelos profissionais da SMS.
Tempo - Para a chefe do Cedep, delegada Emília Blanco, a principal razão para os índices maiores de violência no circuito Barra/Ondina é a própria configuração do Carnaval na orla, que ocorre de quinta-feira à noite à manhã da Quarta-feira de Cinzas. “No centro da cidade, a folia só começa para valer mesmo no domingo. Logo, é óbvio que as estatísticas sejam menores lá”, analisou. A opinião é compartilhada pelo coordenador de comunicação social da Polícia Militar (PM), tenente-coronel Aristóteles Borges do Rosário. “O tempo de duração da festa é muito maior no circuito Dodô, o que implica em uma maior quantidade de delitos praticados”, ratifica.
O comandante de Policiamento da Capital, tenente-coronel Nilton Régis Mascarenhas, disse que os mais de 14 mil homens destinados pela PM para garantir a segurança nos três principais circuitos da festa – há ainda o Batatinha, no Pelourinho – não trabalharam necessariamente em locais determinados. “Há o contigente escalado para um ponto, mas isso pode mudar de acordo com o horário e a saturação”, avaliou Mascarenhas.
A Empresa de Turismo S/A (Emtursa) destacou, através da sua assessoria de comunicação, que reconhece o problema da violência em Ondina, considerado crônico pelo órgão. O fato teria motivado a antecipação da saída dos trios elétricos em uma hora e 30 minutos, em média, nos seis dias da festa, em comparação com 2006. Segundo a Emtursa, a questão deverá ganhar amplo espaço no grupo que será formado a partir de março, para debater o Carnaval de Salvador. A equipe será formada por integrantes dos organismos ligados à Secretaria de Segurança Pública, Ministério Público, prefeitura, governo entre outras entidades.
Fonte: Correio da Bahia
Nenhum comentário:
Postar um comentário