Iniciado por duas legendas de pequeno porte –PPS e PV—o “grupo independente”, que articula o lançamento de uma nova candidatura à presidência da Câmara, começa a ganhar densidade com a perspectiva de incorporação do PSDB. Consultado por um articulador do movimento, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso estimulou a busca do nome alternativo.
O apoio do PSDB, por ora uma mera cogitação, daria aos "inpependentes" uma inesperada musculatura. Passariam a contar com mais de cem deputados. O suficiente para agitar a disputa na Câmara, transformando-se em fiel da balança.
O tucanato já começou a se inserir entre os “independentes”. Incorporaram-se ao grupo inclusive dois deputados intimamente vinculados a FHC: o ex-ministro Paulo Renato (Educação) e José Aníbal, ex-presidente do PSDB. Integraram-se também à articulação tucanos que se destacaram nas CPIs da era Lula –Gustavo Fruet (PR) e Carlos Sampaio (SP), por exemplo.
"Não estamos trabalhando apenas para encontrar uma candidatura contrária às pretensões de Aldo Rebelo ou de Arlindo Chinaglia. Isso seria reduzir o esforço. Trabalhamos por uma idéia: a revitalização do Legislativo. Se avançarmos nisso, o movimento pode desaguar numa candidatura, que pode até ter alguma expressão", disse ao blog o tucano José Aníbal (SP).
O deputado ainda não havia conversado com FHC no instante em que conversou com o repórter. O blog apurou, porém, que, em diálogo privado que mantivera com outro "independente", FHC desfiou o seguinte raciocínio: entre os dois candidatos já lançados –Arlindo, do PT, e Aldo, do PC do B—tem mais simpatias pelo segundo. Considera Aldo como “o mal menor”. Não vê razões, porém, para que o PSDB se esquive de examinar alternativas. Avalia que o partido deveria adiar ao máximo uma definição formal no processo de escolha do novo comandante da Câmara. E, a depender do avanço das articulações, associar-se à idéia da terceira via.
Em articulação iniciada na noite desta quinta-feira, lideranças “independentes” dispararam uma série de telefonemas para deputados do PMDB, dono da maior bancada na Câmara (89 parlamentares). Tentam pôr de pé uma candidatura peemedebista que possa ser encampada pelo grupo. Passou-se a considerar como primeira hipótese o lançamento do nome de Osmar Serraglio (PMDB-PR), ex-relator da CPI dos Correios.
Como segunda alternativa, tenta-se viabilizar a candidatura de um deputado do próprio PT. Foram convidados a se associar ao grupo pelos menos dois petistas: José Eduardo Cardozo (SP) e Walter Pinheiro (BA). Nos bastidores, ambos emitem sinais de insatisfação com a candidatura de Arlindo Chinaglia. Não há, porém, evidências de que se disponham a dissentir abertamente do partido.
Simultaneamente, o “grupo independente” começou a esboçar um programa de gestão para a Câmara. Pretende-se usá-lo como base de lançamento da nova candidatura. Serviria também para construir pontes do movimento com a opinião pública. Parte-se do pressuposto de que nem Aldo Rebelo nem Arlindo Chinaglia teriam condições de sustentar uma plataforma de revitalização da Câmara, vista como essencial depois da série de escândalos em que se envolveu a atual legislatura.
Os termos do programa serão discutidos em reunião do grupo, marcada para a próxima segunda-feira, às 13h, no Hotel Crowne Plaza, em São Paulo. Participarão do encontro os tucanos já integrados à articulação e os deputados Raul Jungmann (PPS-PE), Fernando Gabeira (PV-RJ), Luiza Erundina (PSB-SP), Arnaldo Jardim (PPS-SP), Osmar Serraglio (PMDB-PR), Ivan Valente (PSOL-SP) e Chico Alencar (PSOL-RJ). No final de semana, outros congressistas serão convidados a tomar parte da reunião.
Escrito por Josias de Souza às 03h23
Fonte: Folha Online
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