Em mais um dia de caos nos aeroportos, foram registrados atrasos em 44% dos vôos. O presidente Lula cobrou soluções da FAB, Anac e Decea e disse que o povo espera ser tratado com respeito
22/12/2006 02:00
Em São Paulo, policiais ameaçaram usar gás pimenta para conter tumulto na sala de embarque do Aeroporto de Congonhas. No Rio, um passageiro foi detido no Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim após quebrar um computador de uma empresa aérea. Em Brasília, um grupo invadiu a pista e teve de ser contido pela Polícia.
Em mais uma jornada de caos nos aeroportos do País, houve da noite de quarta-feira para ontem 44% de atrasos em vôos com aviões de passageiros. A taxa de ocupação dos vôos, neste mês, está em 70%. Normalmente, o previsto para este período do ano chegaria a 75%. De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), dos 1.227 vôos previstos no País, 539 causaram esperas de mais de uma hora e 47 foram cancelados.
Em Congonhas, na quarta-feira à noite, o painel da Infraero mostrava que, dos 50 vôos previstos para o momento, 24 tinham mais de uma hora de atraso: 17 da TAM, seis da Gol e um da Varig. Em Cumbica, algumas das aeronaves da TAM decolaram com seis horas de atraso.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou das autoridades envolvidas com a crise aérea do País (Ministério da Defesa, FAB, Anac e Decea) respostas rápidas aos passageiros e maior fluxo de informações sobre os motivos que provocaram um novo caos nos aeroportos. Lula ficou irritado ao constatar que passageiros não conseguiram ser informados pelas empresas aéreas a respeito dos motivos dos atrasos nos vôos.
"O mínimo que o povo espera é ser tratado com respeito. É isso que nós temos que fazer. Não pode continuar com isso", disse o presidente em Brasília. Segundo Lula, o governo tem como principal objetivo encontrar soluções para a crise o mais rápido possível.
Lula se reuniu ontem com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef; o ministro da Defesa, Waldir Pires; o presidente da Anac, Milton Zuanazzi; e o comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro-do-ar Luiz Carlos Bueno. No encontro, o governo responsabilizou as empresas aéreas pela nova crise aérea, uma vez que a TAM retirou de circulação quarta-feira seis aeronaves que precisaram passar por revisão de segurança.
O relatório final da comissão criada na Câmara dos Deputados para acompanhar a crise aérea responsabilizou o Comando da Aeronáutica e o Ministério da Defesa sobre o caos nos últimos meses. Segundo o relator, deputado federal Carlos Willian (PTC-MG), os problemas no controle de tráfego aéreo são responsabilidade das duas instituições.
Embora tenha sido lido, o documento não deverá ser votado. Durante a sessão de ontem, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) pediu vista do documento, o que adia a votação por duas sessões. Como o recesso legislativo começa hoje, não há mais tempo para que o texto seja aprovado na comissão, e ela será extinta dia 31 de janeiro, pois o regimento da Casa Legislativa não permite a prorrogação dos trabalhos para comissões temporárias. (da Folhapress)
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