Por Carlos José Marques,
Diretor Editorial
ISTOÉ está completando 30 anos e queremos, caro leitor, relembrar com esta edição especial um pouco dessa trajetória. A ISTOÉ 30 anos que você tem em mãos se pretende uma edição de colecionador – uma revista para guardar e consultar, porque radiografa um período especial de nossa história, do Brasil e, com licença para auto-referência, da própria ISTOÉ. Nessas três décadas, desde a primeira edição, a Revista vem demonstrando sua vocação para registrar, provocar e participar das mudanças do País. Na capa número 1, já clamava pelo fim do regime totalitário e pela volta à democracia. Marcava assim uma linha editorial bem definida, de vigilância e crítica ao sistema – abrindo sempre espaço para mostrar e analisar o outro lado dos fatos. É um princípio que ISTOÉ segue até hoje.
Vários foram os protagonistas de suas páginas e capas. Muitos dos quais anônimos, brasileiros comuns que, em determinado momento, fizeram história e atuaram de forma decisiva no desenrolar dos fatos. Foi assim que, já em 1979, o então pouco conhecido sindicalista Luiz Inácio da Silva estreava na grande imprensa como capa da ISTOÉ, liderando uma greve no ABC paulista. Tempos depois, um também desconhecido motorista, de nome Eriberto França, protagonizava através das páginas de ISTOÉ o processo que desembocaria no impedimento do então presidente da República, Fernando Collor de Mello. As revelações do motorista Eriberto, numa entrevista-bomba à Revista, ligavam diretamente o dinheiro do empresário PC Farias às despesas pessoais de Collor, que acabou se afastando do cargo. Numa outra guinada da história, em maio de 93, ISTOÉ trazia uma reportagem mostrando as relações obscuras do então ministro da Economia, Elizeu Rezende, com uma grande empreiteira. O ministro caiu e para o seu lugar o presidente Itamar convocou Fernando Henrique Cardoso, que, ao assumir o comando da economia, lançou o Plano Real e no ano seguinte foi eleito presidente do Brasil. Dois anos depois, ISTOÉ revelou o primeiro escândalo do governo FHC: as manobras para a definição de uma licitação de US$ 1,4 bilhão para a compra de radares na Amazônia, em um caso que depois veio a ser conhecido como o escândalo do Sivam e levou à queda do embaixador Júlio César Gomes dos Santos.
Avanços e desvios na história do País foram levantados e mostrados seguidamente pela ISTOÉ, sempre no compromisso de buscar a verdade dos fatos e dos seus atores, acima de tudo. A primeira prova de caixa 2 nas campanhas eleitorais veio através de reportagem da ISTOÉ, em 1995, que mostrava documentos comprometedores de parlamentares, no episódio que ganhou a alcunha de “A Pasta Rosa”. Outro rumoroso evento que maculou a imagem do Congresso, a fraude no painel eletrônico do Senado, teve suas primeiras notícias através das páginas de ISTOÉ – trazendo com exclusividade gravações comprometedoras, cujo teor provocou a renúncia dos senadores Antônio Carlos Magalhães e José Roberto Arruda. Mais recentemente, no ano passado, uma secretária de nome Karina Somaggio e documentos do Coaf deram, através das páginas de ISTOÉ e de seu filhote, a Revista ISTOÉDinheiro, o mapa das operações fraudulentas do “mensalão”, investigado até hoje por uma Comissão Parlamentar de Inquérito.
Contribuições como essa traçam uma mostra do papel que a Revista vem exercendo junto à sociedade brasileira nesses 30 anos e que almeja continuar exercendo, através da prática cotidiana de um jornalismo noticioso, analítico, plural e independente. Um jornalismo que não compactua com interesses específicos de grupos ou pessoas, que tem como missão essencial, primordial, melhor informar a você, leitor. Um jornalismo que abre o leque de cobertura a todas as transformações sociais, políticas e econômicas, do País e do mundo; às evoluções tecnológicas e aos eventos que, gradativamente, mudaram hábitos e conceitos. Para ampliar essa visão é que ISTOÉ, após cinco anos de negociação, fechou uma inédita parceria com o Grupo Time Inc. , maior conglomerado editorial de revistas do planeta. Pelo acordo, desde janeiro último, o conteúdo de People, Fortune e Time – três bíblias do modelo de revistas de informação – passou a ser incluído, respectivamente, nas páginas de ISTOÉGente, ISTOÉDinheiro e ISTOÉ. É um dos resultados da constante busca de aprimoramento editorial de sua ISTOÉ. Essa busca renova, a cada semana, nossas metas de excelência, num trabalho incessante que, apesar dos 30 anos, está só começando. Várias outras inovações estão por vir, é só aguardar. E, desde já, a partir das páginas seguintes, você, leitor, pode fazer um mergulho em parte da evolução cumprida até aqui. É, decerto, um retrato esclarecedor e analítico do que foram esses últimos 30 anos. Boa leitura.
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