FELIPE NEVES
da Folha Online
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato à reeleição, ironizou neste domingo seus adversários ao dizer que eles deveriam rezar para sua vitória no segundo turno.
"Ao invés de eles ficaram com tanta bronca de mim, eles deveriam pedir a Deus que eu ganhasse para eu poder deixar o Brasil muito melhor", disse Lula.
Em comício na região de Cidade Tiradentes (zona leste de São Paulo), o presidente fez questão de enfatizar a questão da luta de classes, sempre se colocando como quem governa para a maioria, em contraponto ao PSDB, que, segundo petistas, governa para os ricos.
Nesta linha, Lula citou os programas Prouni, Bolsa Família e Luz para Todos. Segundo ele, "um presidente da República precisa governar para 190 milhões, não para 30 ou 35 milhões como acontecia neste país".
O presidente disse ainda que "a verdade nua e crua" é que os pobres nunca estiveram no projeto político da elite brasileira, apenas durante as eleições. "Em época eleitoral, pobre vale mais do que banqueiro. Mas, depois das eleições, o pobre não é convidado nem para tomar um cafezinho", ironizou.
Lula reafirmou sua convicção de que foi Deus quem quis levar a disputa presidencial para o segundo turno. Ele admitiu que no início ficou triste, mas diz que agora está feliz com essa situação. "No segundo turno é que a gente está podendo provar quem é quem", afirmou.
O petista rebateu as acusações da oposição de que quer dividir o país entre ricos e pobres. "Não quero dividir coisa nenhuma. Eu já nasci pobre", disse Lula, arrancando aplausos de centenas de militantes. "Se dependesse de mim, a gente não tinha pobres e ricos, só tinha ricos", reiterou.
Antes do discurso do candidato à reeleição, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), já havia dado o tom. De forma irônica, ele afirmou que o candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, parece "personagem de uma propaganda do Itaú Personalité".
A coordenadora da campanha de Lula em São Paulo, Marta Suplicy, seguiu a mesma linha. Segundo ela, "votar em Geraldo Alckmin é aprofundar a diferença entre ricos e pobres neste país".
Durante o evento, o tema da corrupção --o escândalo do dossiê e a recente denúncia da revista "Veja" envolvendo o filho do presidente Lula-- não foi abordado pelos presentes.
Privatizações
O petista voltou a alfinetar Alckmin no tema das privatizações. Segundo Lula, a oposição está com "raiva" porque ele está trazendo à tona seu histórico.
"Eles não venderam mais porque não puderam", disse, em referência às gestões do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e de Alckmin em São Paulo.
Para Lula, os tucanos têm tradição de assinar papéis e depois agirem diferente. Por isso, afirmou, não dá para acreditar que eles não pretendem privatizar empresas como o Banco do Brasil e a Petrobras. "Eu não tenho duas caras. Nós não vamos privatizar nenhuma empresa desse país", disse Lula.
Tropa de choque
Participaram do encontro, além de Marta e Aldo, os ministros Luiz Marinho (Trabalho), Celso Amorim (Relações Exteriores), Matilde Ribeiro (Igualdade Racial), o senador Aloizio Mercadante, a primeira-dama Marisa Letícia, o deputado federal eleito Frank Aguiar e, pela primeira vez no palanque de Lula, o cantor e apresentador Netinho de Paula.
Ele declarou seu apoio ao petista dizendo que é importante votar em alguém do povo. "Um cara que viveu coisa que só gente que é do Gueto viveu", disse Netinho.
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