Por; Correio da Bahia
Comissão iria votar mais de cem convocações e quebras de sigilo dos suspeitos de envolvimento na compra do dossiê
BRASÍLIA - O governo pressionou a CPI dos Sanguessugas e impediu, ontem, a votação de mais de cem requerimentos de convocações e quebras de sigilo dos suspeitos de envolvimento na compra do dossiê anti-tucano, que só iria prejudicar a candidatura do presidente-candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Houve bate-boca e troca de acusações entre os membros da comissão depois que o presidente da CPI, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), decidiu deixar as votações para a próxima terça-feira.
Biscaia adiou a votação, ontem de manhã, diante da falta de quorum dos parlamentares, mas os sub-relatores Carlos Sampaio (PSDB-SP) e Fernando Gabeira (PV-RJ), depois de conversa reservada com o presidente da CPI, anunciaram que haveria nova reunião à tarde. Mais de 12 parlamentares, o quorum mínimo necessário para a abertura da sessão, compareceram para a nova tentativa de votação.
Biscaia - parlamentar da base aliada do governo – chegou à CPI e disse, no entanto, que não haveria a reunião à tarde e negou ter concordado com o apelo de Sampaio e Gabeira. “Depois de fazer encenação na frente das câmeras, foram tentar me convencer e não conseguiram. Eu não vou participar dessa disputa político-eleitoral, a CPI é uma coisa séria”, criticou Biscaia.
Sampaio e Gabeira reagiram à decisão de Biscaia. Gabeira chegou
a afirmar que o presidente da CPI mentiu durante o encontro reservado quando teria concordado com a nova sessão. Já Sampaio afirmou que Biscaia, mesmo com a sua conduta isenta na presidência da CPI, pode ter sido pressionado pelo governo para adiar as votações _ já que os acusados da compra do dossiê são petistas, mesmo partido que o presidente do colegiado. “Até hoje eu não achava (que Biscaia sofria pressões). Hoje (ontem) achei que ele foi pressionado, mas espero que amanhã ele não negue a sua biografia”, disse Sampaio.
Em meio à polêmica, os parlamentares tentaram instalar a reunião sem a presença de Biscaia. A deputada Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), aliada do governo, defendeu o presidente da comissão e acusou membros da CPI de terem selecionado documentos na Justiça de Cuiabá em vez de terem recolhido toda a documentação necessária à CPI. “em vez de ficar fazendo factóides, vamos investigar. O juiz autorizou trazer o material e cadê?”, questionou.
Sampaio e Gabeira reagiram às críticas da deputada. “Eu passei 20 minutos com o delegado, se eu fosse escolher documentos, ficaria pelo menos três horas”, disse Gabeira. Em meio ao clima de embate entre membros do governo e da oposição, alguns parlamentares temem que a CPI não consiga avançar nos trabalhos antes do segundo turno das eleições, um dos objetivos do presidente Lula já que não seria descoberto, antes do final do pleito do próximo dia 29, a origem dos dinheiro utilizado por petistas para comprar o dossiê. “Estamos em um momento em que precisamos descobrir a origem do dinheiro para a compra do dossiê. Quanto mais se aproxima do segundo turno, mais difícil fica”, criticou o deputado Júlio Delgado (PSB-MG).
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