quarta-feira, agosto 23, 2006

Renan manobra para salvar três senadores

Por: CHICO DE GOIS Agência Globo,

Brasília O Senado deu mostras ontem de que acendeu o fogo para a pizza, e o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), pôs mais lenha na fogueira ao conceder, na prática, mais tempo para a tramitação do processo contra os acusados de receber propina do esquema de superfaturamento de ambulâncias, conhecido como “máfia dos sanguessugas”.

Com isso, o processo de cassação só será instaurado depois das eleições de 1º de outubro. O presidente do Senado utilizou um dispositivo do regimento interno que permite à Mesa Diretora encaminhar uma denúncia ao Conselho de Ética contra senadores suspeitos de quebra de decoro.

Desta forma, o conselho constitui relatores, ouve testemunhas, procura arregimentar provas e, no final de suas diligências, encaminha à Mesa um parecer no qual opina se há indícios para que o processo de cassação seja aberto.

A Mesa, de posse do trabalho, reúne seus membros e, se entender que há elementos que justifiquem a abertura de um processo, devolve tudo novamente ao Conselho de Ética para que recomece o trabalho, repetindo tudo o que já tinha feito. Para fugir desta tramitação, e acelerar o rito, o presidente tinha a alternativa de mandar o conselho abrir o processo, dando direito de defesa aos acusados, mas encurtando as etapas.

DESMORALIZAÇÃO – Foi isso o que pediu o relatório da CPI dos Sanguessugas, que serviu de base para a acusação. "O relatório é claro ao pedir a abertura de processo disciplinar por quebra de decoro”, afirmou o presidente da CPI, Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), que disse que “se alguém pensar em fazer uma manobra vai ser desmoralizado perante a opinião pública”.

O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), integrante da CPI, que semana passada chamara de quadrilha o PMDB, partido que comandaa Casa, ontem acusou o Senado de trabalhar contra a CPI. “Essa manobra é lamentável. É preciso brigar porque, senão houver briga, eles não vão condenar ninguém e vão continuar tomando chá como se nada tivesse acontecendo”, atacou Gabeira.

Renan tentou, durante uma entrevista de mais de 30 minutos, na qual repetiu várias vezes as mesmas

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