segunda-feira, julho 24, 2006

Cientistas desenvolvem pílula contra Alzheimer

Por: BBC Brasil

Uma equipe de cientistas da Austrália desenvolveu uma pílula com a qual eles esperam poder curar o Mal de Alzheimer, se tomada todos os dias.
Testes em ratos feitos pelos pesquisadores do Instituto de Pesquisa em Saúde Mental de Victoria mostram que o remédio, PBT2, previne o acúmulo da proteína amilóide, ligada à doença.

Os níveis da proteína caíram 60% em até 24 horas após uma única dose, e o desempenho da memória melhorou num período de cinco dias.

Os cientistas responsáveis pela pesquisa esperam que a nova droga possa estar no mercado em até quatro anos.

Testes em seres humanos devem começar no mês que vem, seguidos de um grande teste internacional no próximo ano.

Análises preliminares em humanos já indicaram que o medicamento não provoca nenhum grande efeito colateral.

Os pesquisadores acreditam que o PBT2 tenha o potencial de retardar o estabelecimento da doença ou reduzir seu avanço.

Memória espacial

O Mal de Alzheimer é uma doença cerebral progressiva e fatal. Ela é a causa mais comum da demência.

A doença está ligada ao acúmulo de depósitos da proteína amilóide no cérebro, formando placas comumente vistas nos cérebros dos pacientes de Alzheimer em exames após a morte.

Os cientistas australianos mostraram que a terapia com o PBT2 melhorou rapidamente e significativamente a memória espacial em camundongos.

Eles fizeram um teste com um labirinto de água que exigia dos camundongos lembrar a localização de uma plataforma submersa para poder navegar pelo labirinto.

“Estes dados são convincentes e muito animadores, porque mostram que o PBT2 não somente pode facilitar a eliminação da proteína amilóide do cérebro ou previnir sua produção, mas, o que é mais importante, melhora as faculdades cognitivas”, diz o pesquisador-chefe, Ashley Bush.

George Flink, chefe do Instituto de Pesquisas sobre Saúde Mental, descreveu a pesquisa como uma grande descoberta.

“Apesar de que muito depende da próxima fase de testes clínicos em humanos, os resultados iniciais indicam que esta droga oferece esperança a pessoas com o Mal de Alzheimer”, disse.

Descobertas novas

Susanne Sorenson, chefe de pesquisas da organização Alzheimer´s Society, disse esperar que os resultados dos testes com ratos sejam confirmados nos testes em humanos.

“Mas essas descobertas ainda são relativamente novas, e muitos testes e estudos mais são necessários para provar que o conceito funcionará em pessoas com Alzheimer e garantir que os melhores tratamentos para a doença estejam disponíveis o mais rapidamente possível”, disse.

Rebecca Wood, diretora-executiva da organização Alzheimer’s Research Trust, disse que o PBT2 está relacionado ao Clioquinol, uma pomada usada para tratar infecções da pele como o pé-de-atleta.

“Os cientistas ainda têm muito trabalho a fazer antes de uma droga estar disponível para os pacientes”, disse ela. “Muito mais pesquisas são necessárias até mesmo para verificar se a prevenção do acúmulo da proteína amilóide é realmente um benefício para os pacientes.”

“Também seria necessário desenvolver uma droga que reduzisse a quantidade de proteína amilóide sem eliminá-la completamente, já que um cérebro saudável necessita dela”, disse Wood.

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