Por: Reinaldo Azevedo
Já havia escrito um outro texto para ser A Parte e O Todo desta edição. Fica para depois. Mudo para prestar uma homenagem a Cláudio Bessermam Vianna, o Bussunda, vitimado por um infarto fulminante. Era um grande sujeito e irmão de outro.
Bussunda foi capa da edição nº 20 da revista Primeira Leitura, de outubro de 2003, transcorridos apenas 10 meses do governo Lula, quando a maioria da imprensa vivia, então, em lua de mel com o governo. Era este o título da capa: “Este país é do casseta”, com o seguinte subtítulo ou “olho” (como se diz no jargão jornalístico) “A sátira política do Casseta & Planeta une todas as classes sociais do país e faz rir menos do que certo jornalismo que se quer sério. Bussunda, o ‘Lula’ da turma, é uma das estrelas do grupo que chega no mês que vem aos cinemas com o filme A Taça do Mundo É nossa: a ditadura e a esquerda como farsa”.
Cláudio Besserman Vianna, o Bussunda, era um homem notavelmente inteligente e, vejam vocês, um bom pensador que preferia ser humorista. Sérgio Besserman Vianna, que presidiu o IBGE no governo FHC, é uma das melhores cabeças do país e não deve nada ao irmão mais famoso em senso de humor. Mas sempre preferiu o rigor da política, da sociologia aplicada e da matemática. Ridendo castigat mores — rindo, moralizam-se os costumes — diz o busto do Arlequim. Essa bem poderia ser a divisa de Bussunda, que se vai precocemente, como qualquer ser humano que preste, ainda que viva mais de 110 anos: ele iria fazer 44.
A reportagem que assinei em companhia da jornalista Betina Bernardes, então na equipe da revista, evidenciava que o país se preparava para assistir a um dos mais vergonhosos espetáculos de adesismo do jornalismo político de que se tem notícia. Ao “jornalismo mentira” tomado como regra, opôs-se, então, o “humorismo verdade” do pessoal do Casseta & Planeta, que não perdeu nada do seu vigor, mesmo sendo uma das atrações da TV Globo, a emissora líder de audiência. O pessoal não se acomodou na fama e fez o devido trabalho de desconstrução da mitologia vagabunda que fermentava em torno de Lula (Clique aqui para ler reportagem). Bussunda também nos concedeu uma entrevista. E falou muito sério (Clique aqui para ler).
O país fica mais burro. Bem pensado, por que haveria de ser o contrário? Agora só falta a longevidade premiar os canalhas e levar os homens de bem. Bussunda era o imitador do presidente. Não é exagero dizer que o verdadeiro Lula morre junto com o humorista. Restou-nos um falso Bussunda, este sem nenhuma graça. A Sérgio, meu amigo, por quem tenho um afeto fraterno, à família de Cláudio e a seus amigos do Casseta & Planeta, o meu abraço triste e comovido.[http://www.primeiraleitura.com.br/html/institucional/faleconosco/reinaldo_azevedo.php]
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