Por: Correio da Bahia BRASÍLIA - O senador Antonio Carlos Magalhães voltou a rebater ontem, no plenário do Senado, em comunicação inadiável, as agressões que sofreu do governador de São Paulo, Cláudio Lembro (PFL). Sem citar o nome do governador em nenhum momento do discurso, ACM culpou o gestor pela violência que tomou conta de São Paulo nas últimas semanas, com a ação do PCC e até de grupos de extermínio. "Os desastres ocorridos naquela grande cidade, sem dúvida alguma, foram fruto da incompetência de quem governava o estado. E governava sem votos. E quando se governa sem votos, não se tem responsabilidade", disse o líder político baiano. ACM começou o discurso lembrando que sempre sobe à tribuna do Senado para expressar sua oposição ao "governo imoral do presidente Lula", onde "as imoralidades são tantas que vem aumento para o funcionalismo - há tanto tempo sem reajuste -de maneira mais desabrida, mais imprópria, que o presidente da República poderia fazer". Mas, desta vez, ele falaria de "uma figura cujo nome não direi porque todos conhecem, achou por julgar-me - já dei a resposta - como senhor de engenho", salientou o líder político baiano. "Eu não tive essa felicidade, senhor presidente (de ter sido senhor de engenho), nem eu nem ninguém da minha família. Sou filho de um professor universitário de grande valor. Aliás, isso me honra muito. Meu pai foi uma figura marcante na minha terra, deputado federal Constituinte de 1934. Não sou homem de engenho, mas também nunca fui empregado de banqueiro, como meu acusador. Aliás, o banqueiro é decente, o empregado é que não é", enfatizou o senador baiano. ACM disse que "essa figura está atrapalhando a vida pública de São Paulo". "Os desastres ocorridos naquela grande cidade, sem dúvida alguma, foram fruto da incompetência de quem governava o estado (no momento da crise). E governava sem votos. E quando se governa sem votos, não se tem responsabilidade". "O vice-presidente não recebe votos, recebe uma indicação, muitas vezes em favor, como no caso do partido a que ele pertence, e sequer passa a dever fidelidade ao governo a que ele pertencia, ou a que deveria pertencer, no caso o governador Geraldo Alckmin", complementou o senador baiano. ACM demostrou que tem autoridade para criticar porque teve votos como deputado estadual, federal, prefeito de Salvador, governador da Bahia por três vezes, ministro de estado e senador duas vezes eleito. "E é isso que irrita os meus adversários e até mesmo o presidente da República. E é isso, senhor presidente, que me dá autoridade de ir ao meu partido e dizer que ele muitas vezes erra porque dá valor a quem não tem voto, quando quem tem voto fica alijado", disse. ACM sugeriu, para evitar o que aconteceu em São Paulo, mudanças na Constituição brasileira, com a extinção até dos cargos de vice-presidente e vice-governador, ou que os mesmos sejam eleitos também pelo voto. "O que custa a um governo um vice-presidente quando, na realidade, o presidente não deixa de ser presidente quando está negociando ou mesmo viajando em turismo a outros países? Ao contrário, ele está sempre presidente. O presidente dos Estados Unidos viaja por todo o mundo e o vice-presidente não assume. Aqui, neste país subdesenvolvido, o vice-presidente, o vice-prefeito ou o vice do vice assume o cargo e, o pior, com ares de titular, como se fosse votado pelo povo, sem ter recebido um voto sequer", criticou o senador baiano. "Como governador, senhor presidente, todas às vezes, pelas pesquisas do Ibope - a última delas disputando com Ciro Gomes - obtive o primeiro lugar de minha querida terra. Portanto, tenho autoridade para vir à tribuna falar o que é de interesse do meu estado, e defendê-lo como defendo mais do que qualquer outro possa fazê-lo", disse ACM. Ele disse que a comunicação inadiável que fez foi "uma satisfação que dou a mim mesmo. Não estou nem me referindo a quem tenha a orelha grande ou a fisionomia diferente dos seres humanos comuns. Não é para isso que estou falando. Estou falando para mim mesmo e para o plenário, que conhece a minha vida. Tenho defeitos, claro que sim. Mas meus defeitos não são morais. Jamais me subjuguei a alguém como a um presidente de banco para poder sobreviver. Jamais usurpei dos meus colegas de partido cargo que não me cabia. Exerci ministério. Exerci a Presidência desta Casa, o que talvez tenha sido a minha maior honra. E fui o primeiro presidente a ser reeleito", lembrou o líder político baiano. Rebatendo o governador paulista, ACM frisou que tem a consciência tranqüila. "Não vejo problema se no passado alguém foi senhor de engenho. Não vejo nada nisso. Mas eu nunca fui. Fui um estudante pobre, filho de um professor decente, que galgou também o Congresso Nacional e que foi um dos mais respeitados baianos enquanto viveu. Isso é o meu orgulho e deveria ser o orgulho daqueles que me condenam. Conseqüentemente, senhor presidente, não sou, não posso ser, nem serei jamais subserviente a ninguém. Serei, sim, um defensor do meu estado. Serei, sim, um defensor da República, dessa República que, infelizmente, até hoje está em péssimas mãos. Mas tenho esperança de que isso se modifique e que tenhamos um Brasil decente, digno e desenvolvido", enfatizou. |
▼
Nenhum comentário:
Postar um comentário