Por: Tribuna da Imprensa
VIENA - "Que Acre? Não conheço nenhum Acre", disparou o presidente da Bolívia, Evo Morales, ao final de entrevista concedida ontem em Viena. A crise de amnésia, proposital, ocorreu quando Morales foi cobrado pelos jornalistas por não ter respondido se a devolução do Acre à Bolívia seria uma nova contenda territorial de seu país, a exemplo da região ao Norte do Chile.
Na quinta-feira, na mesma sala 18 do Centro de Imprensa da 4ª Cimeira União Européia-América Latina-Caribe, Morales lembrou-se do Acre, e como um exemplo de "espoliação". Segundo ele, o território havia sido comprado pelo Brasil por "um cavalo".
Só há uma similaridade entre a lembrança e o esquecimento de Morales: a incorreção. Nos documentos históricos, o Acre passou a figurar no território brasileiro em 1903, ao final de uma negociação conduzida pelo patrono da diplomacia do Brasil, o Barão do Rio Branco, ao custo de 2 milhões de libras esterlinas e de uma indenização de 150 mil libras à companhia que dominava a região.
Claro, na verdade, a amnésia de ontem foi induzida por um dos assessores de Morales, que lhe passou um bilhete com letras garrafais: "A última pergunta do Brasil não deve ser respondida".
Coca e Cana
Inventivo em sua primeira participação em uma reunião de chefes de Estado, Morales informou à imprensa não ter ficado satisfeito com a condenação da produção de coca e cocaína acrescentada na declaração final da Cimeira de Viena. O ex-líder cocaleiro defendeu que a plantinha, no seu estado natural, "nunca matou ninguém" e não poderia, portanto, ser incluída na lista de ilícitos e venenosos. "Se é preciso penalizar a coca, seria preciso também penalizar a cana, a cevada e a uva", defendeu.
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