A presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, Elizabeth Silveira, disse ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria demitir o comandante do Exército, general Francisco Albuquerque.
Dizendo-se "perplexa, profundamente indignada e abismada", Elizabeth definiu como "escárnio com os familiares dos mortos e desaparecidos políticos" a nota de Albuquerque sobre o golpe de 31 de março de 1964, na qual diz se orgulhar do passado.
Em 2004, um comunicado da Arma sobre fotos de um prisioneiro político que se pensava ser o jornalista Vladimir Herzog provocou atritos com o então ministro da Defesa, José Viegas, que deixou o governo por causa desse episódio.
"Acho que ele deveria ser demitido desse cargo. Obviamente, o general não está preparado para esses tempos", declarou. "O Exército vangloria-se dos crimes que cometeu. Ficamos muito entristecidos de saber que, na Argentina e no Chile, as Forças Armadas vieram a público pedir perdão e aqui, além de se negarem a abrir os arquivos da ditadura, vangloriam-se em público."
Ela criticou, especialmente, o fato de Albuquerque afirmar que a ditadura contribuiu para a democracia no Brasil. "Não consigo entender como podem dizer que trabalharam pela democracia. Deram um golpe de Estado, destituíram um governo eleito democraticamente, censuraram a imprensa, impediram a organização da sociedade civil e prenderam milhares de opositores. Não consigo entender que democracia é essa", argumentou.
Elizabeth disse ter ficado chocada, em particular, porque o texto é publicado na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "A gente fica muito perplexo porque não é o Exército do governo Sarney, mas do governo Lula." Ocupantes de cargos de primeiro escalão da administração federal, como a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, participaram da resistência armada contra o regime militar.
Fonte: Tribuna da Imprensa
Nenhum comentário:
Postar um comentário