domingo, abril 02, 2006

MP pede prisão de `mensaleiros

Roberto Jefferson

O ex-ministro José Dirceu está entre os indiciados pelo Ministério Público
BRASÍLIA - O Ministério Público Federal (MPF) finaliza a acusação formal contra os envolvidos com o "mensalão" nesta semana e, segundo matéria publicada pela revista IstoÉ, trará inclusive pedidos de prisão.
Entre os principais denunciados, estão o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares, o empresário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza e o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB). A matéria Relatório-bomba, assinada por Rodrigo Rangel e Sônia Filgueiras, afirma que o inquérito apresentará ainda detalhes desconhecidos que não constam no relatório da CPI dos Correios, entregue nesta semana.
O relatório, a ser enviado ao Supremo Tribunal Federal, está sendo preparado pelo procurador geral da República, Antônio Fernando Souza, e mais quatro procuradores escolhidos por ele. O documento já conta com 25 volumes, mais 65 anexos. O inquérito inclui quebras de sigilos bancário e fiscal, transcrições de escutas telefônicas, documentos apreendidos e um festival de depoimentos. Segundo a revista, o relatório do MP será muito mais incisivo que o da CPI.
O fato de a denúncia do MP estar quase pronta na semana em que foi apresentado o relatório final da CPI evidencia que o procurador geral já não estava apostando muito no trabalho da Comissão Parlamentar de Inquérito, desde o princípio dominada por costuras políticas. Além disso, os relatórios de CPIs são feitos e remetidos ao Ministério Público, levam sugestões de indiciamento que são apreciadas pelo MP e, se for o caso, utilizadas numa acusação judicial formal. Mas, no episódio em questão, a denúncia está se antecipando ao trabalho da CPI, que ainda terá de ser votado.
O novo relatório classifica o trio formado por Dirceu, Delúbio e Marcos Valério e os demais envolvidos como uma quadrilha para pôr em funcionamento a máquina que trocava dinheiro por apoio político no Congresso. O Ministério Público denunciará ainda parlamentares, assessores, integrantes do governo e empresários que participaram do esquema. A lista de envolvidos aumentará e serão conhecidas informações ainda ocultas das operações financeiras internacionais do marqueteiro Duda Mendonça. Parte dos acusados será processada na primeira instância da Justiça Federal, ouro grupo no próprio STF, por possuir foro privilegiado.
O trabalho dos procuradores está sendo feito praticamente sob clausura, todos que fazem parte da força-tarefa receberam ordens para não falar e, muito menos, "vazar" informações. O próprio procurador geral é um túmulo, só fala depois da denúncia para o relator do inquérito, o ministro Joaquim Barbosa. Na manhã da quinta-feira 30, enquanto agentes federais cumpriam os últimos mandados de busca e apreensão, os procuradores faziam os acertos finais do relatório. "Estamos próximos do fim", declarou o procurador geral.
Fonte: Correio da Bahia

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