Por:Tribuna da Imprensa
BRASÍLIA - O ex-presidente Itamar Franco confirmou, ontem, que é pré-candidato do PMDB à Presidência da República e que está disposto a levar seu nome à Convenção Nacional do partido em junho, em uma eventual disputa com o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho.
Exatos 15 dias depois de a ala governista ser derrotada na ofensiva para convocar uma convenção nacional em maio e derrubar, de vez, a candidatura própria, o governo pode sofrer um novo revés na reunião que os dois peemedebistas terão hoje.
O encarregado da contabilidade política em favor da candidatura própria e presidente do PMDB de Minas, deputado Fernando Diniz, disse que o resultado do levantamento que ele próprio concluiu ontem deixou os dois candidatos "eufóricos". "Os números demonstram que a maioria do partido já quer candidato próprio", resumiu Diniz, ao prever que presidentes de 12 a 14 diretórios estaduais confirmarão, na reunião de hoje, o desejo de lançar candidato a presidente.
O levantamento foi feito com base em informações do presidente nacional do partido, deputado Michel Temer (SP), dos candidatos Garotinho e Itamar, do presidente do PMDB paulista, Orestes Quércia, e do próprio Diniz. Somados os votos dos 14 estados na Convenção Nacional, ao menos em tese a candidatura própria teria o apoio de 63% do PMDB. "Esse levantamento é um trabalho coletivo, e estamos muito satisfeito com o resultado das informações que obtivemos", concluiu Diniz.
"Minha pré-candidatura está de pé, e temos uma reunião muito importante em que eu espero que o partido tome essa definição em favor da candidatura própria", afirmou Itamar, ao destacar que o PMDB é um partido nacional e, como tal, precisa ter uma candidatura nacional ao Planalto.
A despeito das críticas de partidários da candidatura Garotinho de que seu ingresso na corrida sucessória teria por objetivo enfraquecer a candidatura do adversário, Itamar disse que responderá diretamente a Garotinho se ele tocar nesse assunto, na reunião. Destacou, no entanto, que a questão não é política, mas de aritmética. "Só quem não sabe fazer contas não entende. É claro que a minha candidatura, somada à dele, reforça a possibilidade de o partido ter candidato próprio", afirmou.
Itamar lembrou que foi o primeiro governador a apoiar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, mas disse que mudou. "Porque nossa política é dinâmica", justificou. "Mas isso não quer dizer que eu rompi com o presidente Lula. A gente aprende, durante certo tempo, que adversário vespertino pode ser companheiro matutino", destacou.
Ele tampouco quis comentar as denúncias de corrupção que pesam sobre o governo petista. Disse que quem vai fazer a avaliação concreta disso é o povo brasileiro. Questionado sobre a possibilidade de uma composição com Lula, Itamar foi taxativo: "Se eu for candidato, como vou apoiar Lula?"
Diante da resistência da ala governista em apoiar a candidatura própria, Itamar reconheceu que o senador José Sarney (PMDB-AP), seu amigo, não apóia mesmo a tese da candidatura do partido. "Não vou nem tentar que ele me apóie", arrematou.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), é outro que discorda de Itamar quando o pré-candidato diz que a tese da candidatura própria ganha força com sua disposição de participar da disputa. "Não se trata de nomes", disse Renan. "É o modelo eleitoral que esvazia as pretensões por conta da verticalização das coligações, que inibe os projetos estaduais. Dificilmente qualquer nome ganhará força, porque vai dificultar as alianças nos estados".
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