quarta-feira, abril 05, 2006

Corrupção no Brasil suga quase R$ 10 bilhões por ano

Por: Andrea Viana, do site Congresso em Foco


Corrupção no Brasil suga quase R$ 10 bilhões por ano
04.04, 10h40
A corrupção consome R$ 9,68 bilhões por ano do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, isto é, quase a metade dos R$ 20 bilhões que representam o total de investimentos previstos no orçamento federal de 2006. Com o valor subtraído anualmente dos cofres públicos municipais, estaduais e federais, seria possível construir 538 mil casas populares, que poderiam propiciar moradia de boa qualidade a 2,1 milhões de brasileiros.A estimativa é do professor Marcos Fernandes, coordenador da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e autor de A Economia Política da Corrupção no Brasil. Segundo ele, o impacto da corrupção nas contas públicas corresponde a 0,5% do PIB, que em 2005 atingiu R$ 1,93 trilhão. O cálculo confronta os índices de percepção da corrupção mundial divulgados pela Transparência Internacional com os índices de produtividade nacional (deduzidos os custos ocultos de transação, que ele chama de "custos de despachante").Dados do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crimes (UNODC), que anualmente patrocina a campanha Corrupção: Você pode detê-la, indicam que mais de US$ 1 trilhão é pago em subornos em todo o mundo, contribuindo para o aumento da pobreza global, atrapalhando o desenvolvimento e afugentando investimentos. O contínuo desrespeito à legislação, a falta de transparência nos contratos e um sistema judiciário falho e ineficiente contribuem para perpetuar o quadro de fraudes e negociatas envolvendo recursos públicos.É o que revela a pesquisa divulgada pelo Ibope esta semana, que avaliou se o eleitor seria vítima ou cúmplice dos políticos acusados de envolvimento com corrupção. O trabalho também investigou se os desvios éticos estariam concentrados nas elites ou lideranças, ou se seriam uma conduta presente em todas as classes sociais. Os resultados confirmam as duas hipóteses: 69% dos eleitores brasileiros já transgrediram alguma lei ou descumpriram alguma regra contratual, sabedores do que estavam fazendo; e 75% cometeriam pelo menos um dos 13 atos de corrupção relacionados pela pesquisa se tivessem a oportunidade. Para se ter uma idéia, 55% dos entrevistados afirmaram que já compraram produtos piratas, enquanto 14% pagaram gorjetas para se livrar de multas. Quanto à conduta dos governantes, 59% das pessoas ouvidas afirmaram que, se fossem autoridades, contratariam familiares ou amigos para cargos de confiança, sendo que 43% aproveitariam viagens oficiais para lazer próprio e de familiares. Foram ouvidos 2.002 eleitores de 143 municípios em janeiro deste ano. "É a institucionalização da corrupção. Para os prefeitos, é tão fácil, tão comum culturalmente, que quase todos fazem algo errado", avalia Lizete Verillo, diretora da ONG paulista Associação dos Amigos de Ribeirão Bonito (Amarribo). Pioneira no combate à corrupção em prefeituras, a entidade de Lizete foi a primeira a conduzir um prefeito, envolvido em fraudes, ao impeachment, em 2002.

Fonte: DiegoCasagrande

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