quarta-feira, agosto 24, 2022

Líder do governo critica operação da PF contra empresários e fala em ‘ativismo’




O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, o probo, (Progressistas-PR), criticou o Supremo Tribunal Federal (STF) após a operação contra os empresários que escreveram mensagens golpistas em um grupo de WhatsApp. "Ativismo político do Judiciário", disse Barros Estadão. "Tem que haver bom senso", completou.

Nesta terça-feira, 23, a Polícia Federal realizou mandados de busca e apreensão em endereços ligados a oito empresários próximos do presidente Jair Bolsoanaro. Além das buscas, o Supremo também solicitou a quebra do sigilo bancário e bloqueio das contas bancárias.

A ordem foi dada na última sexta-feira, 19, e partiu do ministro Alexandre de Mores, que é o relator do inquérito dos atos antidemocráticos. O caso ocorre em meio à tentativa do comitê da campanha de Bolsonaro (PL) de melhorar a relação entre o presidente e Moraes. Bolsonaro já fez diversos ataques ao magistrado, chamou Moraes de "canalha" e chegou a dizer que não cumpriria decisões proferidas por ele. Desde a semana passada, no entanto, o presidente tem baixado o tom e participou da posse de Moraes na presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no último dia 16. Em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, nesta segunda-feira, 22, Bolsonaro disse que o conflito com o ministro estava "superado".

O Estadão procurou os ministros Fábio Faria (Comunicações), Ciro Nogueira (Casa Civil) e o empresário Fábio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação que hoje assessora Bolsonaro na campanha. Os três silenciaram sobre a operação determinada por Moraes.

A avaliação de aliados do presidente é que a de que o ministro do STF testa os limites de Bolsonaro toda vez que o Palácio do Planalto tenta hastear uma "bandeira branca". A deputada Carla Zambelli (PL-SP) encarou a operação como uma "provocação" de Moraes contra o presidente e minimizou o conteúdo das mensagens dos empresários. "Não faz sentido uma coisa dessa, as pessoas não podem mais falar o que pensam. Vejo como provocação".

O chefe do Executivo ainda não comentou publicamente sobre o caso, mas a portas fechadas, em reunião com empresários do Esfera Brasil, em São Paulo, Bolsonaro disse que não é golpista e não defende qualquer tipo de intervenção no Brasil. O almoço com o presidente foi oferecido pelo fundador do Grupo Esfera, João Camargo.

A mensagens, reveladas pela coluna do jornalista Guilherme Amado, no site Metrópoles, foram feitas em um grupo de WhatsApp. Um dos empresários chegou a falar que preferia um "golpe" em vez da volta do PT ao governo. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está em primeiro lugar em todas as pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial deste ano.

A operação também repercutiu negativamente na Procuradoria-Geral da República (PGR). O procurador-geral, Augusto Aras, estranhou a decisão de Moraes contra empresários que defenderam o golpe. A PGR não foi consultada para o cumprimento dos mandados de busca e apreensão nos endereços dos empresários que defenderam o golpe, caso Lula ganhe a eleição.

O receio da cúpula da campanha de Bolsonaro é o de que o episódio agrave a crise entre os Poderes. Há temor de que a decisão de Moraes sirva para estimular atos políticos pedindo o fechamento do Supremo Tribunal Federal nas manifestações de 7 de Setembro.

Do almoço com os empresários participaram Michel Klein, das Casas Bahia; Flávio Rocha, presidente das Lojas Riachuelo e o presidente da Febraban, Isac Sidnei. Na comitiva presidencial, estavam os ministros Ciro Nogueira, da Casa Civil; Fabio Faria, Comunicações; o ex-ministro da Infraestrutura e atual candidato ao Governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, e a presidente da Caixa, Daniella Marques. Acompanharam o presidente, ainda, o senador Flávio Bolsonaro (PL) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

Estadão / Dinheiro Rural

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Eduardo Bolsonaro critica ação da PF e pede que empresários ‘não fiquem quietos’

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) criticou nesta terça-feira, 23, a operação da Polícia Federal (PF) contra empresários acusados de defender um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja eleito para o Palácio do Planalto. No Twitter, o filho do presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu que os empresários "não fiquem quietos" e ironizou: "quem são os inimigos da democracia?"

Na manhã desta terça, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados a oito empresários que apoiam Jair Bolsonaro. A operação ocorreu um dia após o chefe do Executivo dizer, em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, que o conflito com o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), estaria "superado".

Integrante do Supremo Tribunal Federal (STF), Moraes foi quem autorizou hoje a operação contra os empresários bolsonaristas. No Twitter, Eduardo Bolsonaro fez críticas à Corte. "Uma conversa privada do PCC nunca foi alvo de uma operação desencadeada pela caneta de um ministro do STF. Quem são os inimigos da democracia? Que os empresários não fiquem quietos e falem enquanto ainda podem", escreveu o deputado.

Mais cedo, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), também filho do presidente, havia se pronunciado. "É insano determinar busca e apreensão sobre empresários honestos, que geram milhares de empregos, alguns conhecidos de ministros do STF (que sabidamente jamais tramariam "golpe" nenhum por dizerem que preferem qualquer coisa ao ex-presidiário, numa conversa privada de WhatsApp", comentou, no Twitter.

Os alvos da operação foram os empresários Luciano Hang, da Havan, José Isaac Peres, da rede de shopping Multiplan, Ivan Wrobel, da Construtora W3, José Koury, do Barra World Shopping, André Tissot, do Grupo Serra, Meyer Nigri, da Tecnisa, Marco Aurélio Raimundo, da Mormai, e Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu. Em mensagens num grupo de WhatsApp, reveladas pelo site Metrópoles, eles defenderam um golpe caso Lula vença Bolsonaro em outubro.

Estadão / Dinheiro Rural