Lília de Souza, Flávio Costa e Marcelo Brandão
O Ministério Público Federal na Bahia (MPF) informou, por meio da assessoria de imprensa, que irá analisar a matéria "Escutas revelam disputa por obra de R$ 628 milhões", publicada na edição do último domingo em A TARDE. A reportagem acirrou o confronto entre PT e PMDB, no início do ano eleitoral. O ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), lançou suspeitas sobre as relações entre o proprietário da OAS, César Mata Pires, e o governador Jaques Wagner (PT).
A reação de Geddel foi em resposta à divulgação do conteúdo de uma escuta da Operação Expresso, da Polícia Civil, em que o peemedebista promete ao coordenador do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Salvador (Setps), Carlos Eduardo Villares Barral, compatibilizar interesses entre a entidade e as construtoras Odebrecht e OAS. Os dois grupos disputam a execução e gestão do projeto de corredores exclusivos para ônibus, antes mesmo de a obra ser licitada, de acordo com inquérito policial.
A obra será financiada pelo governo federal, por meio de recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço ( FGTS). A licitação será lançada pela Companhia Estadual de Desenvolvimento Urbano (Conder). O MPF irá analisar se cabe investigação sobre o projeto, que é de autoria da Prefeitura de Salvador.
Nesta segunda, Geddel partiu para o contra-ataque: ele escolheu como alvo preferencial o governador Jaques Wagner e suas supostas relações íntimas com a OAS, as quais foram ventiladas por Barral, em outra conversa gravada.
“O PMDB vai fazer um apelo ao Ministério Público para apurar se são verdadeiras as declarações de Barral de que o governador tem relação íntima com a OAS, e se isso teria feito ele nomear um dirigente da OAS como presidente da Conder, empresa responsável pela execução das obras de corredores de transporte”, disparou Geddel. Em maio do ano passado, Wagner nomeou o engenheiro civil Milton Villas Boas, ex- funcionário da OAS, para comandar a Conder.
O ministro lançou, ainda, suspeitas sobre obras do governo ligadas à OAS, que, junto com a Odebrecht, é responsável pelo contrato de licitação da nova Fonte Nova.
A assessoria do governador Jaques Wagner rebateu as críticas do ministro. “Trata-se de um caso de polícia e não de política. O governador não é citado em nenhuma circunstância comprometedora. Qualquer tentativa de politizar o assunto é manobra diversionista para tirar atenção da opinião pública sobre os fatos que estão em investigação”, disse o assessor do governador, Ernesto Marques.
Para o presidente estadual do PT, Jonas Paulo, o ministro Geddel rompeu com o governo Jaques Wagner e está “se esborrachando com as próprias pernas, inclusive fazendo uso da estrutura de governo para se viabilizar politicamente”.
Prefeito - Os autos da Expresso registram 16 diálogos de Carlos Barral. Ele é investigado na operação por suspeita de envolvimento em esquema de propina na Agerba (agência estadual reguladora do transporte). Barral acusa o prefeito João Henrique de apoiar as construtoras contra os interesses do Setps.
O presidente estadual do PCdoB, deputado federal Daniel Almeida, lançou nota criticando o ministro e exige cobrando explicações da prefeitura. Líder da oposição na Câmara Municipal, a comunista Aladilce Souza disse que “as imagens dos homens públicos, do prefeito e do ministro, estão maculadas”.
O secretário municipal de Comunicação, André Curvello, disse que “não há denúncia contra a prefeitura. As obras estão sendo licitadas pelo governo do Estado”.
Os Democratas preferiram calar. Procurados, Paulo Souto (pré-candidato ao governo) e os deputados ACM Neto e Heraldo Rocha não falaram.
FRonte: A Tarde
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