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terça-feira, setembro 30, 2008

Revanche do gato

Por: Carlos Chagas

BRASÍLIA - Passou um pouco da moda, mas ainda hoje muita gente usa a imagem das mãos do gato, com as quais o esperto cidadão tirava as castanhas do fogo. Só que os tempos evoluíram e eis que surge um segundo capítulo do mote popular. O gato cansou de ser levado ao fogo, deixou crescer as unhas e agora luta para arranhar seu antigo algoz.
Falamos de Geraldo Alckmin, o gato, e José Serra, aquele que em 2006 usou as mãos do bichano. Porque à medida que os anos passam, vai ficando óbvio que José Serra não queria disputar a presidência da República contra um Lula assentado no primeiro mandato e com a popularidade em ascensão. Sabia que perderia, mais claramente do que perdeu em 2002. Não podia, é evidente, fugir da raia.
Assim, lançou-se no âmbito do PSDB, assistindo com satisfação o aparecimento do gato, ou seja, das ambições de Geraldo Alckmin. A manobra foi estimulada pelas raposas felpudas do partido, como Fernando Henrique Cardoso, Tasso Jereissati, Aécio Neves e outros. Todos incentivaram Alckmin a concorrer. Presumiam a derrota do então governador paulista para o Palácio do Planalto e visavam, na verdade, fortalecer a candidatura de Serra ao Palácio dos Bandeirantes. Bingo.
Alckmin perdeu e Serra virou governador, preparando-se para disputar a presidência da República em 2010, quando, pelo menos de acordo com a Constituição, Lula não poderia apresentar-se.
Deu certo a estratégia, mas do que ninguém cogitou foi da reação do gato. Lançando-se candidato a prefeito de São Paulo, Geraldo Alckmin atrapalha os planos de José Serra, já comprometido com Gilberto Kassab, do DEM, uma forma de assegurar o apoio do partido à sua campanha presidencial.
Elegendo-se, além de haver derrotado Serra, Alckmin constituirá um obstáculo às pretensões presidenciais do atual governador, porque declaradamente apóia Aécio Neves dentro do ninho tucano. Mesmo perdendo, como hoje indicam as pesquisas, terá contribuído para inflar o balão de Marta Suplicy. Essa história poderia ter como título "A REVANCHE DO GATO".
Não se emendam
A menos de uma semana das eleições, salta aos olhos que as esquerdas não se emendam. Divididas, estão contribuindo para a vitória de seus adversários em cidades como Porto Alegre e Rio de Janeiro, entre outras, essenciais para uma negociação eficaz quando se abrirem as negociações reais para a sucessão presidencial.
Na capital do Rio Grande do Sul torna-se incompreensível para o restante do País como não conseguiram entender-se Maria do Rosário, do PT, Manuela D'Avila, do PC do B, e Luciana Genro, do PSol. Vão perder as três para José Fogaça, ainda que, somados, os votos das beldades suplantem o atual prefeito, do PMDB. Mesmo se houver segundo turno, fica difícil supor o eleitorado unido em torno de uma delas. Os gaúchos não diferem dos demais brasileiros: gostam de votar no suposto vencedor.
Na antiga capital federal é a mesma coisa: a presumida votação de Fernando Gabeira, do PV, Jandira Feghali, do PC do B, e Chico Alencar, do PSol, supera as preferências em Eduardo Paes e em Marcelo Crivella. Acresce que um desses dois, passando para o segundo turno, não teria o apoio do outro, fluindo os votos para um hipotético e único candidato das esquerdas, se existisse. Como não existe, o mais provável será a disputa entre os dois conservadores. Há décadas tem sido assim, valendo lembrar que em 1989 Mário Covas, Leonel Brizola, Luiz Inácio da Silva, Roberto Freire e outros deram a vitória a Fernando Collor...
Dois colossos
Conta a lenda, no Itamaraty, que Gilberto Amado viajou para o Chile acompanhado de um segundo-secretário. As viagens de avião demoravam, o jovem aproveitou as horas de vôo para apresentar ao embaixador uma série de contos e poesias de sua lavra pacientemente deglutidos entre o roncar dos motores certamente do ilustre passageiro.
Em Santiago, no dia seguinte, o segundo-secretário assustou-se porque Gilberto Amado levantara-se cedo e já estava passeando à beira-mar. Quando se aproximou, extasiou-se com a frase do mestre: "Quando dois colossos se encontram!". Sem conter a alegria e a vaidade, o jovem bancou o humilde, agradecendo a honraria, mas salientando que jamais poderia equiparar-se ao grande homem de letras que acompanhava. Reação de Gilberto Amado: "Ora, não seja bobo. Estou falando de mim e do Oceano Pacífico...".
Por que se lembra essa história? Porque é nela que vai desaguar, qualquer dia desses, a armação pela escolha da candidatura do PT à presidência da República, por escolha do presidente Lula.
Em viasd de minguar
Das 26 capitais onde domingo serão escolhidos os prefeitos, o PMDB lidera as pesquisas em apenas cinco. Das 50 maiores cidades acima de 200 mil habitantes, os candidatos do partido prevalecem em nove.
Parece tarde para acender a luz amarela no semáforo eleitoral, mas seria bom o outrora maior partido nacional prestar atenção. É certo que serão eleitos 5.564 prefeitos em todo o País, e que o PMDB, hoje, apesar de tantos troca-trocas, dispõe perto de 1.900. A pergunta necessária refere-se ao número de votos dados ao partido, depois de apurados os resultados.
Pode estar a caminho ampla frustração, em especial quando chegarem as eleições gerais de 2010. Talvez por isso as bancadas peemedebistas na Câmara e no Senado tenham se tornado as mais entusiastas do voto em listas partidárias na escolha de deputados federais, dentro dessa enrolada reforma política.
Fonte: Tribuna da Imprensa

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